Copa e férias coletivas vão reduzir produção de veículos em dezembro

Reuters

Publicado 07.12.2022 13:11

Atualizado 07.12.2022 13:41

SÃO PAULO (Reuters) - As montadoras de veículos devem terminar dezembro com uma produção menor que a de um ano antes, afetada pela combinação de jogos do Brasil na Copa do Mundo e férias coletivas, estimou nesta quarta-feira a associação que representa o setor, Anfavea.

"Vamos ter uma produção em dezembro boa, mas provavelmente vai ser um pouco menor que no ano passado, que foi de 211 mil unidades", disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, a jornalistas.

Sobre as vendas deste mês, ele afirmou que "provavelmente não haverá surpresas" diante do nível de estoques mais alto que em meses anteriores, reduzindo a falta de produtos no mercado.

Em novembro, a produção de veículos subiu 4,7% ante outubro e os emplacamentos avançaram 12,8%. A indústria montou 215,8 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no mês passado, acumulando no ano crescimento de 6,9%, para 2,18 milhões de unidades.

Os licenciamentos de novembro somaram 204 mil veículos, reduzindo o acumulado negativo do ano para 1,3%, a 1,89 milhão de unidades, segundo os dados da entidade.

Segundo Leite, o desempenho de novembro foi forte, mas o setor segue ainda afetado por restrição na oferta de componentes eletrônicos, um problema crônico da indústria no mundo após as quebras das cadeias de fornecimento com resultado da pandemia.

O presidente da Anfavea afirmou que, apesar de a escassez de chips que equipam os sistemas eletrônicos dos veículos estar menos intensa, o assunto ainda vai continuar sendo um problema até o início de 2024, ante estimativas anteriores de que as cadeias de fornecedores se restabeleceriam até meados de 2023.

Leite não quis dar indicações para o desempenho do setor no próximo ano, mas voltou a chamar atenção para a inversão que há meses vem sendo sentida pelo setor: as vendas à vista hoje são responsáveis pela maioria dos emplacamentos, enquanto, historicamente, eram os negócios a prazo que impulsionavam o setor.

Em novembro, 69% das vendas de veículos novos no país foram à vista, acima dos 64% registrados em outubro.

Apesar de a proporção de vendas à vista ser positiva para o fluxo de caixa das montadoras, que nos últimos anos também passaram a focar em modelos como SUVs e picapes - que carregam preços e margens maiores que modelos tidos como populares -, o presidente da Anfavea afirmou que isso poderá impactar o setor a partir de 2024.

"Estamos tentando trazer o consumidor de volta. A indústria precisa de plano para isso", afirmou o presidente da Anfavea. "Nosso setor depende do crédito. É fundamental para que o consumidor consiga trocar seu veículo...Há uma tendência de envelhecimento da frota do país", acrescentou.

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Ele se referiu a um crescimento mais acentuado das vendas de veículos usados ante novos, com os veículos com 9 a 12 anos de uso se destacando em meio à queda da renda, inflação e aumento de juros.

"Não identificamos nenhum outro período em que nosso setor apresentasse 70% de vendas à vista", disse o presidente da Anfavea.

Os estoques de veículos novos subiram para 198 mil em novembro ante 188,9 mil em outubro, um patamar considerado por leite "ainda bastante baixo". O volume do mês passado é equivalente a 29 dias de vendas.

O setor registrou exportações de 43,4 mil veículos em novembro, cerca de 20% do volume produzido e salto de 55% sobre um ano antes, quando a indústria ainda vivia grandes problemas com falta de componentes. De janeiro ao mês passado, os embarques somam 450 mil veículos, crescimento de 34,3% na comparação com o mesmo período de 2021.

O presidente da Anfavea afirmou que o crescimento ocorre em meio a uma expansão de participação de outros mercados nas exportações de veículos do Brasil enquanto a Argentina, maior mercado brasileiro, atravessa estagnação.

As exportações para o México de janeiro a novembro subiram em 25 mil unidades sobre um ano antes, um incremento de 46%. Para o Chile, os embarques saltaram 60% no período. Para a Argentina, houve crescimento de 6 mil unidades no volume, algo considerado como desempenho estável pela Anfavea.

"A Argentina vem dando sinais de perda de relevância nas exportações brasileiras", disse o presidente da Anfavea.