Reuters
Publicado 18.05.2020 17:12
Atualizado 18.05.2020 17:45
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caiu 2,00% ante o real nesta segunda-feira, maior queda desde o fim de abril, em dia de maior apetite por risco nos mercados globais por esperanças sobre uma vacina contra o Covid-19 e após notícias de maior consenso entre autoridades das duas maiores economias da União Europeia (UE) para combater a crise do coronavírus.
O dólar à vista fechou a 5,7224 reais na venda, mínima em quase duas semanas. A desvalorização de 2,00% é a mais forte desde 29 de abril (-2,94%).
No piso da sessão, atingido às 14h25, a moeda cedeu a 5,6952 reais na venda, baixa de 2,15%.
Na B3, o dólar futuro recuava 2,17%, a 5,7340 reais, às 17h29.
As operações domésticas espelharam o movimento externo, onde o dólar teve queda ante divisas fortes e emergentes, enquanto as bolsas de valores no mundo inteiro saltaram, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou em disparada de quase 4% e o petróleo teve um rali.
"Os mercados de risco tiveram um rali com notícias relacionadas a fundamentos de longo prazo --especificamente a Moderna relatando dados favoráveis sobre vacinas", disse o conselheiro econômico principal da Allianz (DE:ALVG), Mohamed A. El-Erian.
A farmacêutica Moderna Inc informou que sua vacina experimental contra Covid-19 mostrou resultados promissores em um pequeno estudo de estágio inicial. A informação fortaleceu expectativas de reabertura mais ampla das economias, ainda afetadas por medidas de isolamento social determinadas meses atrás para conter a disseminação do vírus. Ajudando ainda mais na queda do dólar, no começo da tarde França e Alemanha concordaram em propor a criação de um fundo de recuperação de 500 bilhões de euros que ofereceria subsídios a países membros e regiões da UE mais afetados pela crise do coronavírus, o que o presidente francês, Emmanuel Macron, considerou um "grande passo adiante".
Com a depreciação desta segunda, o dólar está 4,19% abaixo do recorde nominal intradia de 5,9725 reais alcançado na última quinta-feira e a 4,63% da marca psicológica de 6 reais que muitos no mercado ainda acreditam que a cotação tocará.
O Goldman Sachs faz parte desse grupo. O banco revisou na noite da sexta-feira passada suas projeções para o dólar e passou a ver a moeda em 6 reais dentro dos próximos três meses, ante estimativa anterior de 5,25 reais, citando uma atualização aos movimentos do mercado.
A instituição alterou ainda os prognósticos para seis e 12 meses --de 4,90 reais para 5,75 reais e de 4,70 reais para 5,25 reais, respectivamente.
"O real provavelmente vai operar mais fraco que seu valor justo por um período considerável de tempo", disseram analistas do Golman no relatório.
Escrito por: Reuters
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