Fed puxa dólar para cima e impulsiona giro de negócios ao pico desde 2015

Reuters

Publicado 31.07.2019 17:53

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Numa quarta-feira de forte volatilidade, o dólar saltou e superou a marca de 3,80 reais, na esteira do expressivo ajuste nos mercados externos após o Federal Reserve indicar que poderá ser conservador em eventuais novas quedas de juros.

"As mudanças no comunicado do Fed vieram mistas, mas levemente 'hawkish' na margem", disseram profissionais do Goldman Sachs. No atual contexto, o termo "hawkish" indica menos disposição do banco central em cortar os juros.

"O Fed pegou o mercado 'de calças curtas'", disse Roberto Motta, responsável pela mesa institucional de futuros da Genial Investimentos.

Investidores correram para corrigir posições, e o resultado foi um dia de disparada no volume de negócios.

O somatório de contratos negociados nos vencimentos de dólar futuro da B3 já superava 761 mil, o que torna esta sessão a mais agitada desde 27 de novembro de 2015, quando 833.037 contratos trocaram de mãos. O giro desta quarta era quase 2,5 vezes o da véspera (310.730 contratos).

O dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,63%, para 3,8245 reais. Já o dólar à vista fechou com valorização de 0,70%, para 3,8173 reais na venda. É o maior nível para um fechamento desde o último dia 5 (3,8200 reais).

Na máxima, alcançada após o Fed, a cotação spot bateu 3,8244 reais (+0,88%), uma visível reversão ante a queda de 1,11% (para 3,749 reais) da mínima do dia, atingida antes da decisão de juros dos EUA.

O volume de negócios foi turbinado ainda pela definição da Ptax de fim de mês, evento que tradicionalmente adiciona volatilidade ao mercado.

Mas sem dúvida o principal "driver" do mercado foi a sinalização menos "dovish" do Fed. O chairman do BC dos EUA, Jerome Powell, chegou a dizer que o corte de juros desta quarta se tratava apenas de um "ajuste" de meio de ciclo econômico, indicando que poderia ser um movimento isolado. Posteriormente, Powell ponderou que não disse que a redução representaria um ciclo de "apenas" um corte de juros.