Dólar segue em correção e fecha a R$4,7407 com força global da moeda

Reuters

Publicado 07.04.2022 17:05

Atualizado 07.04.2022 17:20

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu pelo terceiro pregão consecutivo nesta quinta-feira, o que não acontecia há três semanas, e a moeda chegou a superar 4,77 reais na cotação máxima do pregão, à medida que operadores repercutiram novo dia de fortalecimento global da divisa norte-americana por expectativas de aperto mais intenso dos juros nos EUA.

O dólar à vista avançou 0,55%, a 4,7407 reais na venda. Assim, renovou a máxima de fechamento desde 31 de março (4,7628 reais). A divisa oscilou durante a jornada de 4,6904 reais (-0,52%) a 4,774 reais (+1,26%).

No rali de três dias, a cotação acumulou ganho de 2,89%. É a maior alta considerando uma série de três sessões desde 19 de julho de 2021 (+3,22%).

O real amargou o terceiro pior desempenho entre as principais moedas nesta quinta. Desde segunda-feira --quando o dólar caiu ao menor valor em dois anos no Brasil--, a divisa está entre os destaques negativos no mundo emergente, junto com peso chileno. O rublo russo lidera a outra ponta, com ganho em torno de 5%.

A demanda mais forte por dólares nesta semana está relacionada sobretudo à reprecificação para os rumos da política monetária nos EUA. Após falas de algumas autoridades do Fed e de o banco central norte-americano divulgar a ata de sua última reunião de política monetária, operadores passaram a ver chances maiores de aumentos mais agressivos nos juros por lá.

Com juros mais altos e ostentando o título de mercado mais seguro do mundo, os EUA, assim, atraem mais recursos, o que valoriza o dólar.

Os fatores que asseguraram a queda de 17% do dólar no acumulado do ano até a última segunda-feira --quando a moeda fechou em 4,6075 reais-- prosseguem, sobretudo expectativa de fluxos e elevado diferencial de juros a favor da moeda brasileira, mas o caminho à frente parece mais instável.

Em evento nesta quinta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o recente movimento de valorização cambial foi influenciado por uma reação rápida da política monetária à elevação de preços, uma surpresa fiscal positiva no curto prazo, ganhos com o comércio de commodities e investimentos em empresas.