Dólar supera R$4,20 e tem máxima histórica para um fechamento com exterior e questões locais

Reuters

Publicado 18.11.2019 17:45

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou numa máxima recorde nesta segunda-feira, acima de 4,20 reais na venda, numa sessão negativa para divisas emergentes conforme pesaram dúvidas sobre a situação comercial entre Estados Unidos e China.

No Brasil, a força do dólar seguiu amparada também pela ausência de expectativa por considerável ingresso de capital no curto prazo, depois da frustração com a participação estrangeira no leilão do excedente da cessão onerosa, no começo de novembro.

Ao término do pregão no mercado à vista, às 17h, o dólar subiu 0,30%, a 4,2061 reais na venda. Com isso, a cotação deixou para trás o recorde anterior para um fechamento --de 4,1957 reais na venda, do dia 13 de setembro de 2018.

Na B3, em que os negócios com mercado futuro vão até às 18h15, o contrato de dólar de maior liquidez tinha alta de 0,26%, a 4,2110 reais, por volta de 17h30.

Na máxima no mercado futuro, a moeda foi a 4,2130 reais. No segmento spot, o pico do dia foi de 4,2102 reais na venda.

O recorde do dólar é válido quando se consideram taxas nominais (não descontada a inflação) de fechamento no mercado à vista.

Para cotações marcadas durante os negócios (intradia), a máxima de todos os tempos para o dólar interbancário ainda é em torno de 4,25 reais, patamar alcançado em 24 de setembro de 2015, dias depois de a agência de classificação de risco S&P rebaixar a nota de crédito soberano do Brasil a grau especulativo.

A alta do dólar nesta sessão deu sequência a um movimento visto ao longo do mês. No acumulado de novembro, a moeda sobe 4,91%, mais do que anulando a queda de outubro (-3,52%) e a caminho da maior valorização mensal desde agosto (+8,51%).

A combinação entre decepção com o leilão do pré-sal de 6 de novembro, convulsão social na América Latina, ruídos políticos locais e exterior ainda afetado por incertezas comerciais tem impulsionado a divisa, que ganha ainda frente a várias outras emergentes.

Nesta sessão, as maiores altas do dólar eram contra peso mexicano, rand sul-africano, peso filipino, peso chileno e peso colombiano --todas divisas emergentes.

Em relatório, o Credit Suisse chama atenção para os efeitos das expectativas quanto a possíveis intervenções do Banco Central no câmbio. Segundo o banco suíço, qualquer expectativa de atuação do BC neste momento pode ser frustrada, o que poderia dar mais fôlego ao dólar.