Dólar tem maior queda para maio desde 2009 e mercado começa junho atento a EUA

Reuters

Publicado 31.05.2021 17:58

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou o último pregão de maio em leve alta nesta segunda-feira, mas nada que impedisse a moeda de contabilizar a maior queda mensal desde novembro do ano passado e a mais forte para o mês em 12 anos, com a taxa de câmbio beneficiada nas últimas semanas pela melhora das expectativas para a economia brasileira e por mais ingressos de recursos.

O dólar à vista subiu 0,20% nesta segunda, para 5,2254 reais, após oscilar entre 5,264 reais (+0,94%) e 5,1989 reais (-0,30%).

O dia foi morno, com feriados nos Estados Unidos e no Reino Unidos limitando os negócios de dois dos maiores centros mundiais de negociação de moedas --Nova York e Londres--, o que afetou o volume de operações por aqui.

Com cerca de 215 mil contratos de dólar futuro transacionados até o momento, o giro desta segunda estava 25% abaixo da média dos últimos 30 dias.

Mas a análise do mês mostra um período mais animado, especialmente para os vendedores de dólar, que lucraram com a queda de 3,79% --maior baixa percentual desde novembro passado (-6,82%) e vem depois de queda de 3,53% no acumulado de abril.

Para meses de maio, a desvalorização é a mais intensa desde 2009. Em maio daquele ano, o dólar caiu 10,26%.

A contínua fraqueza do dólar no exterior --pela expectativa de que o banco central norte-americano não subirá juros tão cedo--, a melhora das projeções de crescimento econômico no Brasil, o reforço de fluxos de recursos de exportadores, a alta de juros pelo Banco Central e notícias sobre andamento das reformas deram a investidores argumentos para alguma realização de lucros na moeda dos EUA em maio.

E o cenário parece mais promissor para o real, por ora.

"O otimismo é baseado num retorno a 'valuations' pela moeda", disse Caesar Maasry, chefe de estratégia de mercados emergentes do grupo de pesquisas do Goldman Sachs (NYSE:GS), que relatou aumento de interesse de estrangeiros por operações de "carry trade" com a moeda brasileira. Ele prevê que o dólar cairá para 5,00 reais nos próximos 12 meses.

"Nossa previsão é que o real se fortaleça nos próximos seis a 12 meses. Realmente achamos que as condições estão em curso para o real performar bem", disse Maasry.

Além do vetor local, o câmbio seguirá reagindo aos desdobramentos externos. O índice do dólar contra uma cesta de moedas de países ricos caía 1,6% no acumulado de maio, depois de perder 2,1% em abril. O índice seguia próximo de mínimas desde janeiro.