EUA: “Tortura do teto da dívida” eleva risco de recessão, diz ING Economics

Investing.com  |  Autor Jessica Bahia Melo

Publicado 30.01.2023 15:01

Atualizado 30.01.2023 16:25

Investing.com - A perspectiva de dificuldade para um acordo para elevação do teto da dívida americana, em meio a um Congresso dividido, pode causar volatilidade nos mercados, no melhor dos casos, enquanto o pior cenário resultante de um calote tenderia a aumentar o risco de uma recessão mais profunda. Esse é o entendimento de economistas do banco ING em relatório divulgado na última sexta-feira, 30.

O impasse político tem potencial para durar um período maior do que em episódios anteriores, levando consequências na economia e nos mercados financeiros. O receio do ING é que a briga dos partidos resulte no fechamento de departamentos do governo, trabalhadores ​​sem pagamento, rebaixamentos de dívidas e um calote intencional pela primeira vez na história dos Estados Unidos.

O teto da dívida, existente desde 1917, traz um limite para o nível total de empréstimos do governo. De forma periódica, os parlamentares votam o aumento desse montante máximo, sendo que nos últimos 106 anos, o teto foi elevado mais de 100 vezes.

“Não fazer isso significa que o governo dos EUA não pode mais tomar dinheiro emprestado, levando a um risco muito real de não conseguir financiar suas obrigações, incluindo o pagamento de seus trabalhadores e os juros de suas dívidas pendentes. Essa é a situação em que nos encontramos hoje, com os empréstimos do governo no limite de US$ 31,381 trilhões”, detalham os analistas James Knightley, Padhraic Garvey e Chris Turner.

Juros: Com temor de recessão, mercado espera que Fed reduza ritmo de alta

h2 Impactos de crises no passado/h2

Caso o teto não sofra alterações e o governo fique, de fato, sem recursos, poderá suspender serviços não essenciais e obrigar funcionários do governo a entrarem em licença sem remuneração. “A crise do teto da dívida de 1995 viu 800.000 funcionários do governo dispensados ​​por cinco dias depois que uma Câmara controlada pelos republicanos se recusou a apoiar o orçamento do presidente democrata Bill Clinton e posteriormente vetou o projeto de lei republicano de gastos”, lembra o ING, que apontou outros problemas como queda de 40 pb nos rendimentos do Tesouro de 10 anos. Em 2011, o mesmo problema resultou na perda da classificação AAA dos EUA pela S&P e no recuo de 17% no S&P 500 entre 22 de julho e 8 de agosto.

Se um acordo não for viabilizado, todos os gastos além do que o governo arrecada com a receita tributária teriam que parar. “Isso significa que os gastos com defesa e os pagamentos de benefícios sociais enfrentam cortes dramáticos e os pagamentos e resgates de juros da dívida param, o que significa a inadimplência dos Estados Unidos”, completa o ING.

No pior dos cenários, se houver um rebaixamento da classificação devido a uma situação de inadimplência real, uma possível mudança para o grau de subinvestimento causaria problemas significativos, na visão do ING.

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“Provavelmente haveria chamadas de margem feitas para refletir avaliações alteradas para títulos do Tesouro como garantia. Além disso, a documentação de recompra pode não ditar uma classificação AAA em garantia, mas o preço de tais negociações é em parte uma função da classificação de crédito do título, e isso se torna um problema maior caso a garantia não seja mais classificada como um produto de grau de investimento. O próprio sistema financeiro ficaria sob forte pressão”. Quedas nos mercados de ações e spreads de crédito mais amplos, com aumento da volatilidade, custos de financiamento mais altos para hipotecas, automóveis e outros empréstimos que operam com spread sobre os títulos do Tesouro poderiam resultar de um default, ainda que fosse temporário.

Na visão do ING, tecnicamente, o Banco Central americano, o Federal Reserve (Fed) poderia imprimir dólares para financiar taxas de juros e pagamentos de cupons, o que tenderia a desagradar fortemente a autoridade monetária, ainda que a medida fosse empregada como uma rede de segurança, intervindo como pagador de último recurso.

h2 Como os mercados de câmbio podem reagir/h2

Quando a situação ocorreu em 2011, houve um pico de estresse no spread, levando o dólar a patamar mais fraco durante o mês de julho em relação a todas as moedas no espaço do G10. Em relação a uma possível crise atualmente, o ING afirma que “faria sentido que os defensivos  franco suíço e o iene japonês superassem o desempenho em relação ao dólar – e poderiam ver alguns ganhos consideráveis ​​nas taxas cruzadas caso crescessem os temores de um calote da dívida dos EUA”, completa.

Na visão da ING, medidas extraordinárias promulgadas pela secretária do Tesouro Janet Yellen dão algum fôlego à situação atual, pois ainda que o teto tenha sido atingido, isso não quer dizer que a inadimplência seja iminente.

 

 

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