Fim do euro, dólar e cia: Bancos centrais preparam volta ao padrão-ouro

Investing.com  |  Autor Marco Oehrl

Publicado 22.11.2023 17:21

Investing.com - A inflação segue em queda, mas ainda não se pode falar em uma situação normalizada. O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis De Guindos, lidera o grupo dos que alertam para uma nova alta dos índices de preços.

Enquanto isso, os Estados Unidos enfrentam uma crise da dívida e uma desvalorização expressiva do dólar, como mostra o jornalista financeiro John Rubino, ao analisar o futuro da atual maior potência econômica do mundo. Rubino fala em uma “espiral da morte financeira” sem saída.

"As dívidas estão crescendo, junto com os pagamentos de juros, o que aumenta ainda mais a dívida, e assim a espiral fica fora de controle.

Já estamos nesse ponto. A dívida oficial do país é de 33,5 trilhões de dólares e cresce 1,7 trilhão por ano, sendo 1 trilhão só de juros.

Os juros estão subindo à medida que a dívida total aumenta. Quando se soma a isso os gastos militares irresponsáveis sob o pretexto de ajuda externa, tem-se um sistema totalmente descontrolado."

É indiscutível que a dívida dos EUA se multiplicou nos últimos 20 anos e foi necessária para evitar várias crises. Pois se o governo não tivesse se endividado em trilhões de dólares, a situação econômica e nos mercados financeiros seria muito diferente agora.

O problema é que a emissão de dinheiro novo não é uma solução de longo prazo e, segundo Rubino, não se pode esperar que haja um ajuste suave. Será, ao contrário, um ajuste forçado, no qual não apenas grandes setores da economia, mas também o dólar sofrerão danos significativos.

O jornalista financeiro Peter Schiff concorda com essa visão. Em seu podcast mais recente, ele afirmou que os mercados estão equivocadamente assumindo que a recessão foi superada e que cortes de juros estão próximos.

Quem realmente acredita nisso, segundo Schiff, não aprendeu nada com o passado:

“Não há razão para acreditar nisso. Basta ver o que aconteceu nas últimas vezes em que o Fed manteve os juros muito baixos e depois os elevou. Foi assim no final dos anos 90, quando a economia desacelerou, o mercado de ações entrou em recessão e o país enfrentou a crise das pontocom em 2000-2001. Foi assim em 2008, quando a bolha imobiliária estourou e provocou a maior crise financeira global desde a Grande Depressão. Foi assim em 2018, antes da pandemia de COVID, quando o Fed tentou subir os juros de um patamar baixo e teve que recuar logo depois, pois a economia estava à beira do colapso no último trimestre daquele ano.”

Schiff lembra que o Fed tentou elevar os juros de 1% para 5% em 2007 e isso levou à recessão mais profunda desde a década de 1930. Qual a diferença entre esse cenário e o atual, em que os juros estão em 5,5%, enquanto a dívida saltou de 9,34 trilhões de dólares para 33,5 trilhões de dólares?

Nenhuma diferença favorável, pelo contrário, a situação é mais grave do que em 2007 e, portanto, o desfecho econômico será pior.

Schiff explica que os juros baixos demais no começo dos anos 2000 induziram as pessoas a tomar decisões irracionais. O mercado imobiliário se inflou até que o Fed tentou normalizar os juros.

O que se pensava ser uma crise restrita ao setor imobiliário se transformou em uma crise financeira que, ao contrário do que diziam os especialistas, não ficou restrita aos EUA, mas se espalhou pela Europa e mergulhou o continente em uma crise da dívida.

Como consequência, o Fed e o BCE reduziram os juros a níveis inéditos e os mantiveram baixos por muito mais tempo do que no começo dos anos 2000. Os investimentos equivocados são mais abrangentes e, por isso, as distorções nos mercados de capitais serão mais catastróficas do que há 15 anos, Schiff tem certeza disso.

Para situações tão difíceis, não há solução única, como sabem os bancos centrais. A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que estamos entrando em território desconhecido, e Rubino resumiu o que isso significa com a seguinte frase:

“É questão de tempo até que todos se deem conta de que não há saída e o experimento da política monetária seja abandonado.”

Segundo Aerdt Houben, diretor de Mercados Financeiros do Banco Central dos Países Baixos, os bancos centrais já estão se preparando para o pior cenário possível: o colapso das moedas fiduciárias. Eles estão passando a ajustar suas reservas de ouro ao desempenho econômico de seus países, para poderem mudar para um padrão ouro em caso de falha do sistema.

Houben explicou recentemente em uma entrevista que as reservas de ouro estão sendo aumentadas para que fiquem em uma proporção adequada com o PIB. Isso segue o exemplo de outros bancos centrais na Europa e no mundo. A explicação é simples, segundo Houben: “Se tivermos que criar uma nova moeda … as pessoas podem confiar no DNB, pois o novo dinheiro emitido pode ser lastreado com o mesmo valor em ouro (padrão-ouro).”

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