Grupo de empresas e organizações aponta governo como maior responsável por ilegalidades no mercado de madeira

Reuters

Publicado 19.11.2020 22:18

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - A Coalizão Clima, formada por representantes de organizações de defesa do meio ambiente e empresas brasileiras ligadas ao agronegócio e ao setor financeiro, divulgaram nesta quinta-feira uma carta em que apontam o governo federal como um dos principais responsáveis pelas ilegalidades que dominam o mercado de madeira no país.

Depois de o presidente Jair Bolsonaro ameaçar apontar países e empresas estrangeiras como corresponsáveis pelo mercado ilegal de madeira no país ao importar os produtos brasileiros --o que terminou por desistir de fazer--, a carta da Coalizão Clima aponta que o Brasil perde uma oportunidade de ter um ambiente de negócios no qual a lei é de fato aplicada e de promover uma economia que gere benefícios econonômicos e ambientais.

"Mas o maior obstáculo a esse modelo é, justamente, a insegurança jurídica causada pela falta de fiscalização e comando e controle pelo Estado", diz a carta.

O grupo, que tem entre seus participantes organizações ambientais como WWF e Imazon e empresas como Klabin (SA:KLBN11), JBS (SA:JBSS3), Marfrig (SA:MRFG3) e Natura (SA:NTCO3), entre outras, em um total de 262 empresas e organizações, lembra que levantamentos recentes mostram que 90% do desmatamento o Brasil é ilegal e esse índice é semelhante o da exploração florestal.

Além disso, a maior parte da madeira saída da Amazônia, mais de 90%, é consumida dentro do próprio país, e não exportada.

"Nenhuma parte das cadeias de produção, dentro e fora do país, pode se declarar livre do problema da ilegalidade, seja ela uma empresa, comércio, consumidor e, obviamente, o governo. Se, juntas, essas partes apostarem em uma solução e atuação conjunta, todos ganham. Mas basta um desses elos não cumprir com seu papel que todos perdem", diz a carta.