Japão e Europa trilham caminhos diferentes enquanto G7 alerta para riscos de inflação

Reuters

Publicado 20.05.2022 15:05

Por Leika Kihara e Francesco Canepa

KOENIGSWINTER, Alemanha (Reuters) - Depois de percorrerem por muito tempo uma trajetória semelhante no combate à inflação baixa, Japão e Europa agora parecem adotar abordagens contrastantes em relação à política monetária e aos riscos de aumento dos preços, o que levantou alertas na reunião do Grupo dos Sete desta semana na Alemanha.

O presidente do banco central do Japão, Haruhiko Kuroda, repetiu nesta sexta-feira sua postura "dovish", inclinada a afrouxamento monetário, dizendo que a recente alta da inflação terá vida curta e não justifica a retirada do estímulo.

"Não há absolutamente nenhuma mudança em nossa visão de que é apropriado manter nossa política de controle da curva de juros, incluindo taxas de juros negativas", disse Kuroda após participar da reunião dos líderes financeiros do G7.

O tom de Kuroda contrastava com o de autoridades europeias, que estão cada vez mais preocupadas com o salto dos preços, ao menos o suficiente para se comprometerem antecipadamente com elevações de juros.

"Com certeza juros negativos são algo do passado", disse o membro do Banco Central Europeu (BCE) Joachim Nagel após a reunião do G7.

"O fato é que a dinâmica da inflação mudou profundamente em um período de tempo relativamente curto. Assim, a política monetária mudou na maioria dos países do G7", disse Nagel.

O núcleo da inflação ao consumidor do Japão superou apenas ligeiramente a meta de 2% do banco central em abril pela primeira vez em sete anos.

Já a inflação na zona do euro atingiu o recorde de 7,4% em abril, bem acima da meta de 2% do BCE, mesmo depois de eliminados os preços de energia e alimentos.

Kuroda insiste que o lento crescimento salarial japonês e a mentalidade deflacionária rígida impedirão que a inflação suba muito.

O caso da Europa ressalta o perigo de ser complacente com o risco de ampliação da inflação. O BCE subestimou a inflação no ano passado e minimizou preocupações sobre a pressão dos preços por meses.