Líder da Catalunha pede novo referendo de independência após noite de violência

Reuters

Publicado 17.10.2019 10:58

Por Joan Faus

BARCELONA (Reuters) - A Catalunha deveria realizar outro referendo sobre a independência do restante da Espanha dentro de dois anos, disse o líder do governo da região nesta quinta-feira, em um novo desafio ao governo de Madri após dias de tumultos provocados por manifestantes pró-separatistas.

Quase 100 pessoas ficaram feridas em toda a região do nordeste do país na quarta-feira, o terceiro dia de violência desde que a Suprema Corte da Espanha condenou nove líderes catalães a penas de prisão longas em reação à sua tentativa de independência fracassada de 2017.

Carros e latões de lixo foram incendiados na capital catalã, Barcelona, de madrugada, e a polícia disse ter prendido 12 pessoas na cidade durante alguns dos piores episódios de violência vistos na Espanha em anos, que provocaram ondas de choque na política nacional.

O Ministério do Interior disse que enviará reforços, já que há novos protestos programados para a sexta-feira, dia para o qual sindicatos convocaram uma greve e manifestantes devem convergir em Barcelona, uma das principais cidades turísticas da Europa.

Discursando ao Parlamento catalão, o líder regional pró-independência, Quim Torra, criticou os distúrbios, dizendo que a causa separatista é um movimento pacífico.

Mas ele também instou o movimento a levar adiante a iniciativa secessionista hoje suspensa, afirmando que "de jeito nenhum" algum tribunal o impedirá de adotar medidas para a independência.

"Se todos os partidos e grupos o tornarem possível, temos que ser capazes de finalizar este mandato legislativo validando a independência", disse Torra, acrescentando que as penas anunciadas na segunda-feira não impedirão os separatistas de realizar um novo referendo. "Voltaremos às urnas novamente pela autodeterminação".

Torra pediu que uma Constituição seja elaborada para a Catalunha na primavera de 2020, o que pode abrir caminho para uma votação antes de a legislatura se encerrar, em dezembro de 2021.