Mansueto vê risco "muito alto" em financiar dívida por emissão de moeda

Reuters

Publicado 22.05.2020 20:07

Por Gabriel Ponte

BRASÍLIA (Reuters) - O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta sexta-feira que o risco, na conjuntura doméstica, de financiar a dívida por emissão de moeda é "muito alto", ao comparar a situação fiscal do Brasil a de outras economias.

"Essa possibilidade de financiar dívida, com emissão de moeda, ao meu ver, isso não funciona no caso brasileiro, e o risco é muito alto", afirmou a empresários em videoconferência promovida pelo LIDE Pernambuco.

Ele comparou o status do dólar norte-americano, como moeda de segurança, ante o real. "As pessoas, no Brasil, não olham para a moeda brasileira da mesma forma como olham para o dólar, moeda internacional", explicou.

"Em outros países, você chegou em um nível no qual, mesmo que os juros vão para 0%, as pessoas continuam acreditando na moeda. Não é o caso do Brasil. O Brasil ainda não tem juros a 0%, e ninguém sabe, ao certo, se as taxas de juros fossem para 0%, o que ia acontecer."

Ao ser questionado sobre a promulgação da Emenda Constitucional conhecida como "orçamento de guerra", que prevê, dentre outras atribuições, a ampliação de poderes do Banco Central, incluindo a compra de títulos públicos no mercado secundário, Mansueto disse não esperar que a autarquia terá papel "muito ativo" no uso dessa ferramenta.

"Isso foi aprovado, mas não é algo que o BC pense em usar fortemente. Isso é uma permissão para, eventualmente, o Banco Central poder usar alguma intervenção no mercado secundário. Mas, novamente, pelo que tenho conversado com Banco Central, não é algo que se vislumbra que o Banco Central seja muito ativo em mercado de títulos", relatou.

Mais cedo, em videoconferência promovida pelo UBS, o diretor de Política Econômica do BC, Fábio Kanczuk, afirmou que a autarquia não tem afrouxamento quantitativo --ou quantitative easing (QE)-- como política monetária na cabeça.

VENDA DE TÍTULOS