Mercado passa a ver piora no rombo fiscal em 2022 após seis meses de revisões otimistas

Reuters

Publicado 12.07.2022 11:43

Atualizado 12.07.2022 13:55

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O mercado financeiro piorou a projeção para o resultado primário das contas do governo federal em 2022 após seis meses consecutivos de revisões mais otimistas, mostrou relatório Prisma Fiscal divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Economia, indicando também um aumento na previsão para a dívida bruta no ano.

De acordo com o documento, que capta projeções de agentes de mercado para as contas públicas, a expectativa para o resultado primário do governo central neste ano ficou em déficit de 20,0 bilhões de reais, ante rombo de 11,9 bilhões de reais projetado em junho.

A mudança de rumo nas expectativas coincide com a proposição pelo governo e análise no Congresso da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para liberar desembolsos por fora do teto de gastos neste ano em aproximadamente 40 bilhões de reais para turbinar benefícios sociais.

As revisões das projeções para resultados mais positivos em 2022 haviam começado em janeiro, quando os agentes de mercado melhoraram a previsão de rombo fiscal neste ano de 95,5 bilhões de reais para 88,7 bilhões de reais. Os resultados seguintes trouxeram perspectivas melhores para as contas públicas, até a interrupção da trajetória observada no atual levantamento.

As projeções do mercado para o resultado primário refletem uma elevação na estimativa da despesa total do governo, de 1,770 trilhão de reais para 1,793 trilhão de reais. Houve uma melhora menos intensa nas expectativas para a receita líquida federal, passando de 1,762 trilhão de reais no relatório anterior para 1,775 trilhão de reais na pesquisa deste mês.

Com a piora nos dados, os analistas consultados pela pasta aumentaram a expectativa para a dívida bruta do governo geral em 2022 para 79,5% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 78,9% na pesquisa de junho.

O governo vem registrando recordes de arrecadação em meio à retomada da atividade econômica e alta da inflação. Além de afirmar que a estratégia do momento é converter esse ganho de receitas em cortes de tributos, a equipe econômica deu aval para a aprovação da PEC que cria e amplia benefícios sociais em ano eleitoral.

Nos últimos meses, o governo já anunciou cortes de PIS/Cofins de combustíveis, redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para uma série de produtos e cortes de tarifas de importação.