Milei na Argentina: Como fica a relação com o Brasil?

Investing.com  |  Autor Jessica Bahia Melo

Publicado 20.11.2023 11:13

Investing.com – As eleições argentinas ganham destaque nos mercados nesta segunda-feira, 20, após o ultraliberal Javier Milei vencer o pleito contra o adversário Sergio Massa, atual ministro da Economia. Milei, que assumirá o cargo em 10 de dezembro, já chamou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “comunista” e “corrupto”, alegando que não se encontraria com o presidente brasileiro, além de criticar os blocos Mercosul e o Brics. Analistas de mercado, no entanto, estão céticos sobre esse discurso e apostam no abrandamento desse tipo de retórica.

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h2 Relação com o Brasil/h2

O presidente Lula parabenizou as eleições argentinas, sem citar o nome do vencedor. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também sem mencionar o nome de Milei, disse que o momento é de “desejar sorte” para o novo governo. Haddad já havia afirmado anteriormente que uma eventual vitória de Milei preocupava o governo brasileiro, levando em conta a proximidade e importância nas relações comerciais.

O banco suíço Julius Baer lembra que Milei já disse que planejaria interromper as relações com a China e o Brasil, os principais parceiros comerciais da Argentina. A Guide Investimentos também recorda que Milei alegou ser contrário a manter relações comerciais com o Brasil, mas ponderou que o setor privado poderia comercializar com quem quisesse. “Dessa forma, por enquanto, a relação comercial Brasil-Argentina deve seguir com business as usual”, destaca a Guide, que considera mais importante acompanhar o desempenho da economia argentina e possíveis efeitos na balança comercial brasileira.

O economista André Perfeito não enxerga muitos ruídos para o Brasil nos próximos dias. “Afinal, apesar do nosso vizinho ser um importante parceiro comercial, a agenda econômica e social de Milei é tão extensa que o Brasil não deve estar no topo das prioridades num primeiro momento”.

Perfeito pondera sobre a sinalização de ruptura de acordos comerciais, mas avalia que, como estes também são de interesse para a Argentina, não seria simples romper com o Mercosul e com a China simultaneamente.

h2 Moderação no discurso?/h2

Declarado anarco-capitalista, além de defender a dolarização da economia argentina e o fim do Banco Central, Milei vai precisar mirar em graves problemas socioeconômicos, com uma inflação acumulada em doze meses de 140%, desconfiança sobre a moeda local, o peso argentino, um salto da taxa de pobreza, e elevado nível de subsídios, incluindo de energia.

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A publicação The Economist, referência internacional, afirmou que “as políticas libertárias de Javier Milei podem ser radicais demais para serem aprovadas ou para funcionarem”. Crítico do sistema político, o jornal Financial Times aponta que “o paradoxo é que Milei precisa agora do apoio de pelo menos parte dessa classe política para governar”.

A XP Investimentos (BVMF:XPBR31) destaca as propostas sociais e econômicas que considera controversas, como a dolarização da economia e o fim do Banco Central, ainda que com moderação do discurso na reta final da disputa. “O desafio agora é fazer uma coalizão de centro-direita no Congresso, para garantir a governabilidade em meio a recessão econômica e elevada inflação”, avalia a XP.

O economista André Perfeito espera ser pouco provável a realização total da agenda de Milei, o que tende a gerar tensões e levar a dois anos difíceis.

A Mirae Investimentos disse estar atenta a um eventual choque de credibilidade, “visando uma profunda reforma do Estado Argentino”. O banco BTG (BVMF:BPAC11) recorda que Javier Milei também não anunciou anteriormente ao pleito quem seria seu ministro da Economia, “embora rumores na imprensa sugerem que Federico Sturzenegger, que atuou na administração Macri, poderia ser a principal escolha de Milei”.

Enquanto isso, o Julius Baer aponta ainda que, em discurso, Milei reforçou “o seu compromisso com uma forte agenda de reformas, principalmente cortes de gastos materiais, para evitar uma crise econômica terminal, embora não tenha mencionado a dolarização da economia ou a eliminação do Banco Central”.

O banco suíço espera que a volatilidade para os ativos argentinos siga, até que o cronograma da agenda de reformas e os principais nomes do gabinete sejam revelados por Milei.

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