Fazenda zera tarifa de importação para compras de até US$50 dentro de programa de conformidade

Reuters

Publicado 30.06.2023 09:18

Atualizado 30.06.2023 15:50

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Fazenda anunciou nesta sexta-feira que reduzirá a zero a alíquota de importação para compras de até 50 dólares quando a fornecedora for uma empresa de comércio eletrônico participante do Remessa Conforme, novo programa de conformidade da Receita Federal.

De acordo com nota da pasta, a alíquota zero começa a valer a partir de 1º de agosto e se aplica a compras transportadas tanto pelos Correios quanto por empresas de correspondência, não importando se o remetente é pessoa física ou jurídica. Atualmente, remessas feitas por empresas ficam sujeitas a uma taxa de importação federal de 60%.

Segundo a Fazenda, o novo programa Remessa Conforme estabelece tratamento aduaneiro mais célere e econômico para empresas de comércio eletrônico que cumpram voluntariamente critérios definidos pelo governo.

"Esse é o começo de um plano de conformidade", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a jornalistas nesta sexta-feira. "O problema todo que está gerando é o desequilíbrio entre o comércio local e o comércio de market place, um desequilíbrio muito grande. Então, estamos começando esse plano de conformidade para adequar e que a concorrência fique leal."

Sob o programa, "a RFB terá à sua disposição, de forma antecipada, as informações necessárias para a aplicação do gerenciamento de risco dessas remessas internacionais", disse o Ministério da Fazenda em nota.

"Além disso, essas remessas serão entregues com mais velocidade, com redução dos custos relativos às atividades de deslocamento e armazenamento, de forma a proporcionar ganhos relevantes para os operadores logísticos."

O Remessa Conforme prevê que o vendedor submetido ao programa é obrigado a informar ao consumidor a procedência dos produtos e o valor total da mercadoria com inclusão dos tributos federais e estaduais, além de exigir a declaração de importação e pagamento dos impostos antes da chegada da mercadoria.

Na prática, isso significa que, mesmo em casos de compras de até 50 dólares, sujeitas dentro do programa à isenção do imposto de importação, precisará ser pago o imposto estadual ICMS, encargo que deverá estar embutido no preço da mercadoria.

Atualmente, os impostos são pagos pelos consumidores após a chegada da mercadoria, depois de análise e notificação pela Receita Federal, resultando em prazos de entrega mais longos.

Haddad disse nesta sexta-feira que o programa Remessa Conforme contempla governadores que "estavam muito incomodados com o fato de que essas empresas (de market place) não pagavam ICMS nas remessas para cá --e isso é ilegal".

"Então houve uma reunião do Confaz, que representa todos os Estados, e fixaram uma alíquota comum de ICMS e estão usando o sistema da Receita Federal para fazer a legalização da remessa com esse acordo incluído", completou ele.

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O Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita, Tributação ou Economia dos Estados e do Distrito Federal (Consefaz) definiu em acordo no início do mês a adoção de uma alíquota de 17% em operações com plataformas de importação de remessas expressas. Haddad, no entanto, disse que o valor dessa alíquota ainda será discutido com os Estados "em uma segunda etapa".

Para encomendas até 3 mil dólares, o programa prevê a manutenção da tributação simplificada, como já acontece atualmente.

De acordo com a Fazenda, as regras atuais --que impõem alíquota de 60% sobre remessas enviadas por pessoas jurídicas-- serão mantidas para os vendedores que não aderirem ao Remessa Conforme.

"Nós vamos sentar com o varejo e com os market places para que eles pactuem um entendimento sobre isso, para que haja um equilíbrio. Sobretudo porque 25% dos trabalhadores com carteira assinada trabalham em loja de varejo no Brasil, então uma forma de proteger a concorrência é você equilibrar e todo mundo é a favor disso", disse Haddad mais cedo.

O programa de conformidade vem depois que o governo tentou acabar com a isenção de impostos para todas as importações, buscando fechar uma brecha que os gigantes asiáticos do comércio eletrônico supostamente aproveitam ao enviar pedidos como se fossem pessoas físicas.

A AliExpress (HK:9988), do Grupo Alibaba (NYSE:BABA), a Shopee, da Sea Ltd, e a gigante do fast-fashion Shein foram identificadas como os principais alvos da medida.