MP traz autorização para BC emitir swaps mais longos, diz Haddad

Reuters

Publicado 22.04.2024 12:57

Atualizado 22.04.2024 16:06

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que medida provisória editada pelo governo nesta segunda-feira com iniciativas na área de crédito traz autorização para que o Banco Central emita contratos de swap cambial com prazos mais longos.

A possibilidade de ajuste nessas operações, que atualmente normalmente não excedem o prazo de um ano, é um braço do novo programa de hedge cambial lançado pelo governo em fevereiro.

Em entrevista coletiva para tratar da MP, Haddad disse que, eu seu entendimento, o BC já podia fazer essas operações mais longas, mas que "por cautela" foi decidido incluir a permissão em lei.

"Isso também é muito importante para criar uma curva de longo prazo de swap, que nós não temos hoje. Isso é muito importante para os investidores de longo prazo, ele ver desenhado uma curva de câmbio no nosso país", disse Haddad.

Nos contratos de swaps tradicionais, o BC oferta contratos nos quais troca a variação do dólar, acrescida de uma taxa, pela da taxa básica de juros de um determinado período. Essa operação, que provê proteção cambial aos interessados, faz com que, na prática, o BC compute perdas quando o dólar se valoriza, e ganhe no fortalecimento do real.

Uma fonte governamental familiarizada com o desenvolvimento da medida disse que o banco central deverá iniciar este alongamento dos prazos este ano. O Banco Central não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A decisão ficará sob a jurisdição do diretor de Política Monetária Gabriel Galípolo, que desenvolveu uma relação de trabalho mais estreita com Lula com a bênção de seu parceiro acadêmico Luiz Gonzaga Belluzzo, conselheiro econômico de longa data do presidente.

Galípolo é visto como um dos principais candidatos à sucessão do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, cujo mandato termina este ano.

A luz verde para rolar os swaps para prazos mais longos foi vista como “muito importante” pela equipa econômica do presidente, que vê liquidez limitada no mercado para prazos de cobertura cambial superiores a cinco anos, dificultando a atração de investidores para projetos que exijam horizontes mais longos.