Nestlé e Danone vão desacelerar altas de preços após anos de aumentos acentuados

Reuters

Publicado 22.02.2024 14:59

Por Richa Naidu e Dominique Vidalon

LONDRES/PARIS (Reuters) - Duas das principais empresas de bens de consumo do mundo, Danone e Nestlé, disseram nesta quinta-feira que irão desacelerar os aumentos de preços em 2024 após dois anos de altas que levaram muitos consumidores a buscar alternativas mais baratas para produtos básicos como iogurte e café.

Mas a Danone, que possui marcas como as águas Evian e Badoit e o iogurte Activia, alertou que os preços ainda subirão, citando a necessidade de compensar os custos trabalhistas e os preços de envio.

A Nestlé disse que está vendo menos impacto nos custos de frete do que em anos anteriores, embora tenha tido algum estresse devido aos ataques a embarcações no Mar Vermelho.

Os comentários seguem o anúncio da concorrente britânica Unilever (LON:ULVR), fabricante do sorvete Ben & Jerry's e do sabonete Dove, que também afirmou neste mês que os aumentos de preços -- que contribuíram para uma crise prolongada do custo de vida -- começarão a diminuir.

Para justificar os preços mais altos, a indústria de bens embalados citou os aumentos nos custos de insumos que começaram com a pandemia de Covid-19, afetando as cadeias de abastecimento globais, e foram exacerbados pela invasão russa na Ucrânia há dois anos.

"Não tínhamos visto esse tipo de aumento de inflação desde 1973, 1974", disse o presidente-executivo da Nestlé, Mark Schneider, em teleconferência com jornalistas nesta quinta-feira. A empresa suíça, fabricante dos caldos em tablete Maggi, do chocolate KitKat e do café Nescafé, é a maior empresa de alimentos embalados do mundo.

Com muitos consumidores trocando produtos de marca caros por alternativas mais baratas, o presidente-executivo da Unilever, Hein Schumacher, disse neste mês que "a competitividade da nossa empresa continua decepcionante".

INFLAÇÃO EM DESACELERAÇÃO

Neste trimestre, no entanto, as empresas anunciaram que os preços subirão em 2024 a um ritmo muito mais lento, à medida que se recuperam dos custos mais elevados.

As taxas de inflação geral têm caído acentuadamente e é esperado que muitos bancos centrais comecem a reduzir as taxas de juros este ano.

"Os preços serão muito mais baixos este ano do que no ano passado", disse Schneider, da Nestlé. "O crescimento daqui para frente este ano será muito mais baseado em volume e mix", acrescentou, dizendo que isso provavelmente será "bastante universal".