Regra a ser retomada para gasto em saúde e educação teria ampliado essas despesas em R$43 bi em 2022

Reuters

Publicado 24.03.2023 16:57

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O novo arcabouço fiscal a ser proposto pelo governo retomará a regra que estava em vigor para despesas mínimas com saúde e educação antes da vigência do teto de gastos, um cálculo que teria ampliado em 42,9 bilhões de reais os desembolsos nas duas áreas em 2022 se a medida já estivesse valendo.

A estimativa, feita pela Instituição Fiscal Independente (IFI), mostra que em três dos seis anos de vigência do teto, o governo gastou menos do que teria executado se estivessem em vigor os patamares mínimos exigidos pela norma passada.

O retorno à regra constitucional anterior foi aprovado na PEC da Transição no fim de 2022. O texto estabelece que a sanção da lei complementar do novo arcabouço fiscal --que ainda não foi apresentado-- revogará automaticamente dispositivos do teto, incluindo o que limitou o crescimento das despesas com saúde e educação à variação da inflação.

Até a entrada em vigor do teto, em 2017, o governo federal era obrigado a gastar ao menos 15% de sua receita líquida em saúde. Para educação, a despesa era de pelo menos 18% das receitas de impostos. Portanto, quanto maior a arrecadação, maiores eram os limites mínimos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na terça-feira que o novo arcabouço terá uma "transição" para recuperar despesas com saúde e educação depois do teto dos gastos. Sem deixar claro se seria feita uma compensação retroativa ou exatamente o que essa transição implicará, ele afirmou que a nova regra fará uma “reposição das perdas dos dois setores”.

A diretora da IFI, Vilma Pinto, afirmou ser difícil avaliar se o governo teria conseguido gastar com efetividade a verba a mais em 2022, considerando que houve um aumento repentino e forte na arrecadação no ano, o que geraria um salto nesses limites mínimos na regra anterior.

A arrecadação do governo federal cresceu 8,18% acima da inflação no ano passado, em meio à retomada da economia pós pandemia e com o impulso da alta dos preços de commodities e da inflação.

“Com o arcabouço, vai se passar a calcular da forma que se calculava antes, a despesa (com saúde e educação) vai depender do volume de receita do governo. O ano de 2022 foi muito atípico, com muita receita extraordinária, não sei se 2023 e 2024 terá uma receita tão forte”, disse.

h2 Meta e gatilhos/h2

A apresentação da proposta de regra fiscal que substituirá o teto chegou a ser prevista para março, mas acabou adiada para abril. A medida buscará retirar amarras consideradas muito restritivas pelo governo e instituir um sistema orçamentário mais flexível.

De acordo com uma fonte que acompanha a elaboração da proposta, o novo modelo deve prever uma estrutura fiscal baseada na meta de resultado primário --diferença entre receitas e despesas do governo, sem contar o gasto com juros da dívida pública-- e contar com gatilhos para segurar gastos caso seu desempenho não seja satisfatório. Entre as possibilidades mencionadas, está uma limitação no crescimento das verbas de pessoal.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Essa autoridade e uma segunda fonte ressaltaram que o Ministério da Fazenda descartou ideias que propunham o uso da dívida pública como âncora fiscal, incluindo a que havia sido apresentada em 2022 pelo Tesouro Nacional.

A visão de membros da pasta é que o indicador de dívida também varia por fatores alheios à capacidade de gestão do governo federal. Entre eles, a taxa básica de juros, que pressiona a dívida pública quando elevada pelo Banco Central.

A segunda fonte ressalta que, de qualquer maneira, a regra foi desenhada de forma a permitir que as contas públicas sejam sustentáveis e viabilizem uma estabilização da dívida pública.

Os técnicos da Fazenda têm defendido ainda que o arcabouço seja anticíclico, permitindo que o governo acumule recursos em períodos de arrecadação forte e que possa gastar mais em situações de crise.

Em um ponto que pode gerar atritos, já que aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendem uma liberação dos investimentos, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou nesta semana que o arcabouço não vai prever excepcionalização de gastos em áreas específicas.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações