Salim Mattar e Paulo Uebel pedem demissão do Ministério da Economia e Guedes fala em debandada

Reuters

Publicado 11.08.2020 19:59

Atualizado 11.08.2020 20:55

Por Isabel Versiani

BRASÍLIA (Reuters) - Os secretários especiais do Ministério da Economia Salim Mattar (Desestatização) e Paulo Uebel (Desburocratização) pediram demissão nesta terça-feira, disse o ministro da pasta, Paulo Guedes, a jornalistas nesta noite, afirmando que houve uma "debandada" da sua equipe.

Com essas novas baixas, chega a quatro o número de secretários de Guedes que deixaram o governo nos últimos meses.

Segundo o próprio ministro, os pedidos de Salim --que é seu amigo pessoal-- e Uebel foram feitos pela insatisfação dos dois secretários com o andamento das privatizações e da reforma administrativa.

"Senhores, quem dá o timing das reformas é a política. Quem tem voto é a política", disse Guedes aos jornalistas.

O ministro foi irônico ao comentar a postura dos assessores e afirmou que a reação do governo será agir para acelerar reformas e atrair investimentos.

"O que ele me disse é que é muito difícil privatizar, que o establishment não deixa", afirmou Guedes ao relatar a justificativa de Salim Mattar para deixar o cargo. "O que eu disse para ele é que para privatizar cada um tem que lutar, não adianta ficar esperando Papai do Céu."

Segundo Guedes, Uebel se contrariou com o atraso no encaminhamento da reforma administrativa.

"Hoje houve uma debandada", afirmou o ministro, depois de argumentar que saídas recentes de outros membros da equipe não podiam ser classificadas dessa forma.

Em julho, deixaram o governo o então secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, e o diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda, Caio Megale. O presidente do Banco do Brasil (SA:BBAS3), Rubem Novaes, também pediu demissão, argumentando, em sua carta de renúncia, que o banco precisava de "renovação para enfrentar os momentos futuras de muitas inovações no sistema bancário".

Antes disso, o então secretário especial de Comércio Exterior, Marcos Troyjo, havia saído do cargo para assumir, em maio, a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics.