Taxas futuras sobem no Brasil na contramão dos Treasuries

Reuters

Publicado 23.02.2024 17:33

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em alta, na contramão do recuo dos rendimentos dos Treasuries , em um dia marcado pela baixa volatilidade no Brasil e pela consolidação de posições no mercado de títulos norte-americano.

Pela manhã, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) chegaram a apresentar ganhos mais consistentes, com o contrato para janeiro de 2027 chegando a subir cerca de 5 pontos-base às 11h52, sem que houvesse, na visão do chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia, fatores específicos para justificar o movimento.

“Ontem (quinta-feira), Treasury mais curto acabou abrindo, e aqui o DI indicou abertura também. Mas hoje a volatilidade está baixa. O DI abriu mais de manhã, mas acabou voltando”, disse Garcia durante a tarde.

Com a agenda de indicadores esvaziada nesta sexta no Brasil e nos EUA, a perspectiva dos investidores não mudou: a visão mais geral é de que o Banco Central seguirá cortando a taxa básica Selic em 50 pontos-base, pelo menos nas duas próximas reuniões de política monetária (março e maio), e o Fed começará a cortar juros apenas em junho ou depois disso.

“Algumas casas já estão mudando o call (para corte de juros nos EUA) eventualmente no segundo semestre”, lembrou Garcia. “A ata do Fed (na quarta-feira) corroborou o discurso de paciência, de não cortar antes do momento certo, para não haver repique inflacionário”, acrescentou.

Perto do fechamento desta sexta, a curva a termo brasileira precificava 88% de chances de o corte da taxa básica Selic em março ser de 50 pontos-base, como vem sinalizando o Banco Central. Atualmente a Selic está em 11,25% ao ano.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,015%, ante 10,008% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,855%, ante 9,836% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,035%, ante 10,005%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,285%, ante 10,254%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,7%, ante 10,676%.

Pela manhã, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, disse que a autarquia está focando nos dados de salários, em meio a incertezas sobre indicadores mais amplos do mercado de trabalho, de olho no impacto que eles têm na inflação de serviços.