Vaticano esclarece comentários do papa sobre leis de união civil

Reuters

Publicado 02.11.2020 13:45

Atualizado 02.11.2020 20:50

Por Philip Pullella

CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O Vaticano afirmou que os comentários do papa Francisco sobre as leis de união civil em um documentário no último mês foram tirados de contexto e não sinalizam uma mudança na doutrina da Igreja sobre homossexuais ou no apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O documentário “Francesco”, que estreou no festival de Roma, em 21 de outubro, ganhou as manchetes por um comentário em que o papa diz que homossexuais têm o direito de estar em uma família e que as leis de união civil para homossexuais são necessárias.

Os comentários do papa, como foram divulgadas, receberam elogios de progressistas e pedidos de esclarecimento urgente dos conservadores.

Semana passada, a Secretaria de Estado da Santa Sé enviou, sem fazer barulho, uma “nota explicativa” aos seus embaixadores, que a enviaram aos bispos.

A nota foi publicada em primeira mão pelo biografo papal Austen Ivereigh. Uma fonte do Vaticano confirmou a nota na segunda-feira, e o embaixador do Vaticano ao México a publicou em sua página no Facebook.

A nota diz que duas declarações separadas em resposta a perguntas diferentes foram unidas para parecerem apenas uma, excluindo o contexto e as perguntas entre elas.

O diretor do documentário, o cidadão norte-americano nascido na Rússia, Evgeny Afineevsky, afirmou a repórteres que ele entrevistou o papa, mas jornalistas depois encontraram as imagens em uma entrevista de 2019 à emissora Televisa, do México. Parte não havia sido veiculada anteriormente.

Depois da estreia do documentário, Afineevsky se recusou a discutir o processo de edição. Não foi possível entrar em contato com ele imediatamente para comentar a nota do Vaticano.

A nota diz que, na primeira declaração, o papa se referia ao direito dos homossexuais de serem aceitos pelas suas próprias famílias, como filhos e irmãos.

Alguns interpretaram que os comentários diziam que os homossexuais têm direito a formar famílias.

A nota disse que o documentário cortou comentários em que o papa expressou oposição ao casamento homossexual e que deixavam claro que ele se referia às leis de união civil, que alguns países promulgaram para regular benefícios, como plano de saúde.