Vídeo não comprova acusação de Moro sobre interferência de Bolsonaro na PF, avalia fonte jurídica do governo

Reuters

Publicado 22.05.2020 20:32

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, divulgado nesta sexta-feira por decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), não comprova a acusação feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir nos trabalhos do comando da Polícia Federal, disse à Reuters uma fonte ligada à ala jurídica do governo.

A fonte disse que, na avaliação de assessores jurídicos do presidente, não há demonstração de indício de crime cometido por Bolsonaro ao fazer cobranças aos ministros no encontro. A fonte, no entanto, preferiu não fazer qualquer tipo de consideração sobre o conteúdo da fala do presidente do ponto de vista político.

A segurança para tal avaliação, segundo a fonte, se dá depois que a Advocacia-Geral da União (AGU) ter mudado de orientação sobre a liberação do vídeo --inicialmente não queria qualquer tipo de divulgação-- para permitir que isso ocorresse praticamente na íntegra.

Ao apresentar dias atrás a degravação de dois trechos da reunião ao Supremo, a AGU disse que Bolsonaro referia-se à sua insatisfação quanto à segurança pessoal e não de troca da Polícia Federal.

Reservadamente, a avaliação desses auxiliares é que não foi de todo ruim a divulgação feita pelo ministro Celso de Mello, porque a grande preocupação era com trechos que poderiam prejudicar relações diplomáticas, disse a fonte.