Yellen diz que Orçamento proposto por Biden elevará dívida dos EUA, mas não inflação

Reuters

Publicado 27.05.2021 14:57

Atualizado 27.05.2021 16:40

Por David Lawder e Ann Saphir

WASHINGTON (Reuters) - A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse nesta quinta-feira que o plano de Orçamento fiscal do presidente Joe Biden para 2022 aumentará a dívida dos EUA para mais de 100% do PIB, mas não contribuirá para pressões inflacionárias, vistas por ela como temporárias.

Yellen disse em audiência do subcomitê de apropriações da Câmara dos Deputados dos EUA que a Casa Branca e o Tesouro estão monitorando a inflação de perto, mas que ainda há ociosidade que permite à economia absorver o aumento de gastos.

"A inflação recente que vimos será temporária, não é algo endêmico", disse Yellen, respondendo a inúmeras perguntas de parlamentares republicanos acerca de pressões inflacionárias.

Ela observou que os gargalos no fornecimento e a escassez de materiais básicos estão ajudando a impulsionar os dados de inflação, junto à comparação das leituras correntes dos índices de preços com as de um ano atrás, que ficaram muito baixas durante os meses iniciais da pandemia.

"Espero que (a inflação) dure mais vários meses e vejamos altas taxas anuais de inflação até o final deste ano."

Yellen disse que o plano de Orçamento fiscal de Biden para 2022, a ser apresentado na sexta-feira, aumentará na próxima década a relação dívida federal/PIB dos EUA acima de seu nível atual de cerca de 100% --número impulsionado pelos gastos para alívio da pandemia.

Yellen minimizou a importância desse aumento.

O plano orçamentário deve incluir trilhões de dólares em gastos com infraestrutura, creches e outras obras públicas, incorporando propostas anteriores de Biden para despesas e tributos.

A capacidade do governo federal de pagar os juros da dívida é uma medida mais importante, disse Yellen, acrescentando que o custo real do serviço da dívida atualmente é negativo porque os rendimentos de longo prazo dos títulos do Tesouro norte-americano (+1,6%) estão abaixo de uma taxa de inflação de cerca de 2%.

"Teremos um período temporário de gastos também, e alguns desses aumentos --para além da janela orçamentária-- resultarão em déficits menores e mais receita tributária para apoiar esses gastos. Acredito que seja um programa fiscalmente responsável", disse Yellen.

Investimentos aumentariam a capacidade de oferta da economia e permitiriam um crescimento mais rápido nos próximos anos sem inflação, acrescentou.

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