Dólar ronda estabilidade ante real com política interna compensando otimismo no exterior; investidores aguardam Copom

Reuters

Publicado 05.05.2020 09:11

Atualizado 05.05.2020 10:50

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar rondava a estabilidade contra o real nesta terça-feira, um dia antes da divulgação da decisão de política monetária do Banco Central, com os ruídos políticos domésticos compensando o dia de maior apetite por risco no exterior.

Às 10:41, o dólar avançava 0,05%, a 5,5249 reais na venda. O contrato mais líquido de dólar futuro caía 0,40%, a 5,5345 reais.

Nesta sessão, os mercados internacionais voltavam as atenções para países como a Itália e alguns Estados norte-americanos, que começam a relaxar medidas de isolamento em casa a partir desta semana.

A esperança de reabertura da economia elevava as expectativas de aumento da demanda por petróleo, o que melhorava o sentimento e colaborava para apostas mais arriscadas entre os investidores estrangeiros.

Divisas emergentes ou ligadas a commodities, como rand sul-africano, peso mexicano e dólar australiano, pares do real, registravam ganhos contra a moeda dos EUA nesta terça-feira.

No entanto, o clima doméstico no Brasil segue incerto após semanas de tensões entre os poderes e a saída de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça.

"No mercado local, informações de que o ministro Celso de Melo, do STF, poderá levantar ainda hoje o sigilo do depoimento do ex-ministro Sérgio Moro têm potencial para manter os agentes econômicos na defensiva e manter o viés de valorização do dólar ante o real", disse em nota Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.

Uma fonte com conhecimento do depoimento prestado por Moro à PF e ao Ministério Público Federal disse na segunda-feira que o ex-ministro citou, em depoimento no sábado, ministros do governo que presenciaram o presidente Jair Bolsonaro pressionando-o em relação à troca do comando da Polícia Federal.

"Já vamos continuar convivendo com dados macro ruins (...), e, no caso brasileiro, acrescenta-se ainda o cenário político", disse à Reuters Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset, sobre os movimentos do câmbio. "Os rumos são difíceis de prever após a saída do ex-ministro Sergio Moro."

Enquanto isso, os investidores ainda esperam o resultado da reunião de política monetária do Copom, que será divulgado na quarta-feira. Segundo pesquisa da Reuters, a expectativa é de mais um corte da Selic, a nova mínima histórica de 3,25%.

Os cortes sucessivos da taxa têm sido fator de pressão sobre o real, uma vez que reduzem os rendimentos de investimentos atrelados aos juros básicos, tornando o Brasil menos atraente quando comparado a países com juros maiores e nível de risco semelhante.