BC leiloa US$ 1 bi para segurar dólar após demissão do presidente da Petrobras

Estadão Conteúdo

Publicado 22.02.2021 12:46

Atualizado 22.02.2021 16:10

BC leiloa US$ 1 bi para segurar dólar após demissão do presidente da Petrobras

Em um dia marcado pela forte alta do dólar ante o real no Brasil, após o presidente Jair Bolsonaro ter demitido o presidente da Petrobras (SA:PETR4), Roberto Castello Branco, o Banco Central entrou no mercado no fim da manhã. A autarquia promoveu entre instituições financeiras leilão de US$ 1 bilhão numa tentativa de segurar as cotações da moeda americana.

A intervenção foi feita por meio de swap cambial, um tipo de contrato ligado ao câmbio que, ao ser negociado pelo BC, tem um efeito equivalente à venda de dólares no mercado futuro. Como o mercado futuro da moeda americana é o mais líquido no Brasil, sempre que negocia swaps o BC acaba por afetar também as cotações do dólar à vista - utilizado em transações comerciais, remessas ao exterior e operações entre instituições financeiras, por exemplo.

Após ter promovido o leilão de US$ 1 bilhão em swaps entre 11h15 e 11h25 da manhã, o BC vendeu ainda outros US$ 800,0 milhões em swaps entre 11h30 e 11h40 - neste caso, numa operação já prevista, para renovar alguns vencimentos destes contratos cambiais programados para o início de abril.

O efeito da atuação do BC foi perceptível. Após ter sido negociado a R$ 5,5336 mais cedo, o dólar à vista era vendido a R$ 5,4976 às 12h27, conforme o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A alta no dia era de 2,08%.

No exterior, o dólar também sobe ante outras moedas de países emergentes ou exportadores de commodities, como o dólar canadense (alta de 0,08% para o dólar americano), o rand sul-africano (+0,80%), a lira turca (+1,43%) e o peso chileno (+1,34%). Mas o porcentual de ganho da moeda americana no Brasil é bastante superior ao que se vê em outros países.

Isso ocorre porque o mercado brasileiro reage hoje à intervenção de Bolsonaro na Petrobras, que resultou na demissão de Castello Branco. Para seu lugar, foi indicado na sexta-feira, 19, o general Joaquim Silva e Luna. Para aumentar o estresse do mercado financeiro, Bolsonaro sinalizou com mais mudanças nesta semana. Um dos possíveis alvos é o setor de energia elétrica, outra fonte de pressão inflacionária.

Como informou pela manhã o Estadão/Broadcast, em meio à alta nos preços dos alimentos e de combustíveis, os economistas do mercado financeiro já projetam uma inflação em 2021 acima da meta perseguida pelo Banco Central. O Relatório de Mercado Focus - que reúne as expectativas do mercado - indica que a inflação projetada para este ano já está em 3,82%. O centro da meta perseguida pelo BC é de 3,75%. A margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (inflação entre 2,25% e 5,25%).

Foi a primeira vez, considerando as projeções feitas nos últimos dois anos, que o mercado indica a expectativa de que o IPCA - o índice oficial de inflação - fique acima do objetivo central do BC, ainda que dentro da margem de tolerância. O porcentual diz respeito à mediana de todas as projeções encaminhadas ao BC para formulação do relatório. Mas para pelo menos uma instituição consultada no Focus, a inflação encerrará 2021 em patamar ainda maior, aos 4,61%.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Com o foco voltado para a reeleição em 2022, Bolsonaro tem adotado postura mais intervencionista na economia. A demissão de Castello Branco na Petrobras foi uma reação aos aumentos mais recentes dos combustíveis nas refinarias, que elevaram a pressão dos caminhoneiros sobre o governo.

No fim de semana, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, tentou minimizar a intervenção ocorrida na Petrobras. Numa rede social, ele escreveu que o governo "jamais irá intervir em preços e acredita no livre mercado". "O que existia era uma total falta de afinidade entre o PR (presidente) e o Castello e a troca foi fato isolado", defendeu.

O mercado não entendeu desta forma. Neste início de tarde, o dólar à vista segue próximo de R$ 5,50. O dólar turismo - ofertado pelas casas de câmbio para quem vai fazer viagens internacionais - era negociado a partir de R$ 5,72 em Brasília e de R$ 5,68 em São Paulo.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações