Brasil depende do dólar mesmo com mudança de dívida externa para dívida interna, diz Campos Neto

Reuters

Publicado 19.04.2024 14:24

Atualizado 19.04.2024 15:05

(Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira que o Brasil ainda depende do dólar mesmo depois que o governo optou por reduzir a dívida externa e compensá-la com aumento da dívida interna, movimento que aconteceu a partir do início dos anos 2000.

Em palestra organizada pelo FMI, Campos Neto voltou a dizer que o BC só deve intervir no mercado de câmbio em caso de disfuncionalidades de forma a evitar criar novas distorções financeiras. Ele afirmou ainda que um país que não intervém de forma alguma no câmbio erra tanto quanto um país que interfere demais.

"Se o câmbio está se valorizando porque as pessoas estão comprando dólar, deve ser porque as pessoas perceberam um risco que é maior. E você não quer que essa variável não reflita o risco", disse.

Campos Neto afirmou que, no caso do Brasil, uma eventual intervenção pesada no câmbio pode gerar uma migração de investidores para outros ativos em busca de proteção, o que impactaria a curva de juros do país, afetando também a rolagem da dívida pública.

O presidente do BC disse não ser verdadeiro o argumento de que a troca de dívida externa por interna acabou com a vulnerabilidade do Brasil em relação ao dólar.