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Publicado 13.08.2019 18:03
Por Jesse Cohen (edição de Leandro Manzoni)
Investing.com - Os investidores permanecem com os olhos atentos a qualquer novidade da disputa comercial entre EUA e China, que é caracterizada por decisões e sinalizações inesperadas as quais impulsionam a volatilidade dos mercados. O anúncio nesta terça-feira de adiamento da implementação de tarifas sobre US$ 300 bilhões de produtos chineses ainda não taxados desde o início do imbróglio entre os dois países no ano passado foi mais um novo capítulo que modificou radicalmente o humor dos investidores.
Os principais índices acionários abriram e operavam no negativo nesta terça-feira, influenciados por novos episódios nesta semana que incentivaram o sentimento de aversão ao risco que privilegiam a busca por ativos de refúgio como o ouro, moedas nacionais - como o dólar, o franco suíço e o iene - e títulos públicos de países com economias sólidas, como EUA e países europeus (muitos dos quais estão se acostumando à taxa de juros negativas).
Além da ameaça do uso da força pelo governo chinês nas manifestações em Hong Kong e desdobramentos de política interna desfavoráveis ao mercado na Itália e na Argentina, estavam no radar dos investidores as decisões de política cambial do Banco Popular da China - a autoridade monetária do país -, que é permissivo com a desvalorização do iuan desde a semana passada, quando a moeda chinesa rompeu o patamar psicológico de 7 por dólar, patamar que foi cotada pela última vez durante a crise financeira de 2008. Como o regime cambial chinês é fixo, o Banco Popular da China definiu a taxa de referência do ponto médio oficial para o iuan em 7,0326 por dólar na terça-feira .
Tal movimentação da autoridade monetária chinesa era vista por temor pelos investidores, que observavam a atual fraqueza do iuan como uma forma de expansão do escopo da guerra comercial para incluir as moedas. Isso também levou Washington a rotular a China como uma manipuladora cambial pela primeira vez desde 1994, aumentando consideravelmente a atual disputa entre as duas maiores economias do mundo.
Mas o anúncio do governo americano de suspender o início de novas tarifas sobre produtos chineses - a maioria ligados a eletrônicos - de setembro para dezembro impulsionou o apetite ao risco, com os principais índices acionários fechando a sessão de hoje em forte alta e os ativos de refúgio em queda. Os três principais índices de Wall Street subiram acima de 1%, com Dow Jones avançando 1,44%, S&P 500 com ganhos de 1,48% e Nasdaq saltando 1,95%.
O sentimento bullish atingiu o Ibovespa, que também subiu acima de 1% sob influência,também, dos balanços corporativos domésticos. O principal índice acionário brasileiro fechou a sessão com ganhos de 1,36%.
Já os ativos de refúgio retrocederam. O ouro caiu 0,36% a US$ 1.511,80, o iene se desvalorizou 1,37% em relação ao dólar, a 106,74 por dólar, e o franco suíço perdeu 0,77% a 0,9766 por dólar. Já o rendimento dos títulos de 10 anos dos EUA subiu 3,77% para 1,702%, mesmo assim acima dos juros de 3 meses (que fechou em 2,005%), o que é sinal de recessão no horizonte.
Guerra comercial vai se transformar em guerra monetária?
Diversos investidores viram o movimento de desvalorização da moeda chinesa como uma resposta direta à mais recente ameaça do presidente dos EUA Donald Trump de aplicar as novas tarifas. A fraqueza atual do iuan levou a especulações de que os formuladores de políticas em Pequim estariam permitindo que sua moeda enfraqueça, a fim de impulsionar as exportações e compensar o impacto das tarifas norte-americanas.
Trump contra-atacou reclamando da força do dólar no Twitter na semana passada, mais uma vez culpando o Federal Reserve, ao qual ele já acusou várias vezes de não cortar as taxas de juros rápido o suficiente. Os comentários aumentaram o temor de um risco de intervenção para enfraquecer o dólar.
Resta saber se o "cessar-fogo" anunciado hoje foi um passo importante para a celebração de um acordo entre os dois países ou foi um adiamento para o pontapé inicial da guerra monetária. O próximo tweet Trump vai nos trazer parte da resposta.
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- A Reuters contribuiu para esta matéria
Escrito por: Investing.com
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