Com exterior avesso à risco, dólar tem recuperação ante real a despeito de Copom mais duro

Reuters

Publicado 09.12.2021 17:07

Atualizado 09.12.2021 17:35

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu acentuadamente contra o real nesta quinta-feira, recuperando parte do terreno perdido nos últimos dois pregões, devido à fuga generalizada de investidores para ativos mais seguros em meio a temores globais relacionados à Covid-19 .

A alta desta sessão veio a despeito da decisão de quarta-feira do Comitê de Política Monetária do Banco Central de subir a taxa Selic em 1,50 ponto percentual pela segunda vez consecutiva, a 9,25%, e indicar mais aperto à frente, o que vários especialistas apontaram como benéfico para o real.

O dólar à vista fechou em alta de 0,70%, a 5,5749 reais na venda. Nas duas sessões anteriores, a moeda havia acumulado queda de 2,74%. Na B3 (SA:B3SA3), às 17:12 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,76%, a 5,6020 reais.

Parte dessa valorização refletiu movimento de compras de grandes agentes importadores que aproveitaram o preço mais baixo da moeda norte-americana nas mínimas do dia para "ir às compras", escreveu Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.

Enquanto isso, no exterior, o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes-- subia 0,315%, a 96,244, refletindo o desconforto de investidores com incertezas relacionadas ao impacto econômico da variante Ômicron do coronavírus , conforme vários países anunciam medidas mais rígidas de combate à Covid-19.

Em mais um sinal da forte demanda pela segurança do dólar, rand sul-africano e USD/CLP, pares emergentes do real, caíam mais de 1% na tarde desta quinta-feira. Peso mexicano e lira turca também recuavam, embora a taxas mais comportadas, de 0,1% e 0,7%, respectivamente.

"A variante Ômicron parece ser menos letal, apesar de possivelmente mais infecciosa, mas a Covid é algo que vai estar no radar durante um bom tempo; traz um tom de cautela", disse à Reuters Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.

A divulgação de um importante relatório de inflação norte-americano na sexta-feira, que pode influenciar a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), também foi citada por participantes do mercado como impulso à cautela observada nesta quinta-feira.

h2 EFEITO COPOM/h2

Apesar da valorização do dólar nesta sessão, investidores avaliaram a decisão de quarta-feira do Copom como possível fator de apoio para o real, com expectativa de que a maior rentabilidade do mercado de renda fixa doméstico atraia recursos estrangeiros para o Brasil.

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A decisão de elevar a Selic em 1,5 ponto percentual veio em linha com a expectativa de consenso do mercado, e a sinalização de aumento da mesma magnitude na reunião de fevereiro do ano que vem contrariou algumas apostas de que o BC desaceleraria o processo de aperto monetário em meio a sinais recentes de desaceleração da atividade econômica.

Embora o efeito Copom possa fornecer suporte à divisa doméstica, especialistas começam a alertar para várias incertezas de médio prazo à medida que se aproxima o ano eleitoral de 2022.