Crescente ruído político doméstico pressiona real e pode inclinar curva de juros, diz Morgan Stanley

Reuters

Publicado 02.08.2021 12:12

SÃO PAULO (Reuters) - Os crescentes ruídos políticos mais recentes impõem um cenário negativo para o real e geram risco de nova pressão nas taxas de juros de longo prazo, em meio a aumento do receio de uma abordagem fiscal menos conservadora, disseram estrategistas do Morgan Stanley (NYSE:MS) (SA:MSBR34) em relatório nesta segunda-feira.

No caso do câmbio, os profissionais citaram que um nível já carregado de posicionamento favorável ao real, "valuations" caros e elevada sensibilidade aos movimentos do dólar no exterior pesam contra a moeda brasileira, com o risco/retorno do real prejudicado mesmo com a perspectiva de que o Banco Central eleve os juros.

"Achamos que a moeda terá dificuldade em sair de uma faixa de 5,00 reais a 5,60 reais no curto prazo e vemos (o mercado de) opções como o mais interessante", disseram, mantendo recomendação de venda de puts (opções de venda) de dólar/real para três meses com delta (uma medida de sensibilidade da opção) 25.

O dólar à vista oscilava em torno de 5,13 reais nesta segunda-feira, queda de 1,5% no dia, devolvendo, assim, parte da disparada da sexta-feira ditada por renovados temores sobre gastos.

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Num estudo separado no mesmo relatório, os profissionais destacaram que a moeda brasileira está entre as mais sensíveis às movimentações do iuan chinês, junto com dólar australiano, peso colombiano e rand sul-africano.

Os temas políticos também podem afetar os DIs mais longos, que vêm reduzindo a inclinação ante as taxas mais curtas tanto pelos movimentos de política monetária doméstica quanto pela melhora em recentes dados fiscais.

Os estrategistas do banco norte-americano avaliaram que a cada vez maior desaprovação do governo e a proximidade da eleição de 2022 sugerem potenciais riscos em direção a uma política fiscal menos austera.