Dólar cai ante real na contramão do exterior com diferencial de juros favorecendo o Brasil

Reuters

Publicado 11.05.2023 17:07

Atualizado 11.05.2023 17:25

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Após ter se mantido em alta durante boa parte da sessão, o dólar à vista fechou em baixa ante o real nesta quinta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, com a moeda brasileira sendo favorecida pelo diferencial de juros do país em relação ao exterior e pelo fluxo de investidores para a bolsa.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9367 reais na venda, com queda de 0,25%.

No início do dia, a moeda norte-americana se sustentava em alta ante o real em sintonia com o exterior, onde a divisa dos EUA também subia ante outras moedas de exportadores de commodities.

O movimento era justificado por dados considerados ruins vindos da China: os preços ao consumidor subiram no ritmo mais lento em mais de dois anos em abril, enquanto a deflação nos portões das fábricas se aprofundou. Neste cenário, moedas de exportadores de commodities, como o real brasileiro e o peso chileno, eram penalizadas.

À tarde, porém, a moeda norte-americana virou para o território negativo no Brasil, em meio a um movimento de busca por ações na bolsa de valores e com investidores enxergando o país como um bom destino para seus recursos, considerando a taxa de juros interna em relação ao exterior.

O diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, pontuou que o real se descolou do exterior durante a tarde, em meio à busca por ações na bolsa e a uma pressão vendedora de moeda no mercado futuro de dólar --o mais líquido e, no limite, o que conduz as cotações no mercado à vista brasileiro.

Novamente, o diferencial de juros no Brasil em relação aos EUA foi um dos motivos citados nas mesas de operação para que a moeda norte-americana se mantenha em patamares mais baixos no período recente, pouco acima ou abaixo dos 5 reais.

Profissionais também citavam a expectativa positiva em relação à tramitação do novo arcabouço fiscal no Congresso. Uma parcela do mercado acredita que os parlamentares vão aperfeiçoar o texto, em especial quanto ao “enforcement”, que diz respeito às punições aplicadas caso o governo não cumpra a meta fiscal.

O relator do projeto, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), sinalizou que poderá atrasar a entrega do parecer previsto para nesta quinta-feira, em meio à pressão da oposição, de nomes da base governista e de consultorias técnicas da Câmara para incluir no arcabouço normas mais duras de ajuste nas contas públicas.

Neste cenário, na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:21 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,30%, a 4,9535 reais.