Dólar tem forte queda com ajuste após salto recente, apesar de indefinição sobre gastos e Fazenda

Reuters

Publicado 28.11.2022 17:06

Atualizado 28.11.2022 18:20

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caiu acentuadamente frente ao real nesta segunda-feira, com investidores citando movimento de correção após salto recente, apesar da permanência de indefinições sobre os gastos extra-teto pretendidos pelo governo eleito e sobre quem será o próximo ministro da Fazenda do Brasil.

A moeda norte-americana à vista perdeu 0,80%, a 5,3645 reais na venda.

Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho (NYSE:MFG), disse à Reuters que essa queda refletiu principalmente uma correção em relação à disparada recente do dólar, que na sessão de sexta-feira saltou 1,84%, a 5,4079 reais, marcando um terceiro ganho semanal consecutivo e o patamar de encerramento mais alto em quatro meses.

"É um pouco de correção, e investidores em compasso de espera antes da agenda dos Estados Unidos desta semana", disse Rostagno, citando expectativa por dados do Produto Interno Bruto (PIB) e de emprego norte-americanos.

Enquanto isso, no Brasil, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou a Brasília para discutir a PEC da Transição acompanhado de Fernando Haddad, cotado para assumir o Ministério da Fazenda, no momento em que cresce a expectativa sobre o anúncio dos integrantes de sua equipe econômica definitiva.

Embora o tema fiscal continuasse sendo motivo de ansiedade e tenha sido o principal motor da disparada recente do dólar para acima de 5,40 reais, alguns agentes financeiros notavam possível retorno de interesse de investidores no Brasil.

"Curiosamente, as entradas alavancadas de dinheiro estão voltando ao Brasil, após saídas iniciais impulsionadas pelo debate em torno da flexibilização fiscal e da escolha da equipe econômica", disse o Citi em relatório nesta segunda-feira, citando dados próprios.

"Os clientes alavancados parecem estar dispostos a se engajar novamente antes mesmo de haver uma clareza em torno de ambas as questões. Isso pode sugerir que os clientes acham que o pior caso já está, na maior parte, precificado."

O "pior caso" para a maior parte dos investidores parece ser a aprovação da PEC da Transição sem alterações em relação ao desenho inicial --que prevê quase 200 bilhões de reais em gastos extra-teto por tempo indeterminado-- e a indicação de Haddad à Fazenda.