Dólar à vista vira na reta final e termina em leve baixa

Reuters

Publicado 29.06.2023 17:13

Atualizado 29.06.2023 17:40

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar hoje à vista se manteve em alta durante a maior parte da sessão, após dados econômicos positivos nos EUA reforçarem a percepção de que a taxa de juros norte-americana poderá ficar elevada por mais tempo, mas a divisa migrou para o negativo na reta final dos negócios, encerrando em leve baixa.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8469 reais na venda, com queda de 0,08%. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,12%, a 4,8490 reais

A moeda norte-americana à vista chegou a oscilar em baixa no início da sessão, marcando a cotação mínima de 4,8288 reais (-0,45%) às 9h05, mas rapidamente migrou para o território positivo.

Além do impulso interno dos últimos dias, com alguns investidores refazendo posições defensivas (compradas em dólar) após os recuos mais recentes, as cotações obedeceram ao noticiário externo.

O Departamento do Comércio dos EUA informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país no primeiro trimestre foi revisado de uma taxa anualizada de +1,3% para +2,0%. A revisão veio acima do esperado pelos economistas, que projetavam taxa de +1,4%.

Já o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 26.000 na semana encerrada em 25 de junho, para 239.000, em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam 265.000 reivindicações para a última semana.

Os números norte-americanos, que indicam crescimento maior que o esperado e mercado de trabalho ainda aquecido, elevaram a percepção de que o Federal Reserve possa ser levado a subir ainda mais os juros, atualmente na faixa entre 5,00% a 5,25% ao ano, para conter a inflação.

Esta leitura deu força ao dólar ante outras moedas fortes e ante a maioria das divisas de países exportadores de commodities, incluindo o real.

Neste cenário, a moeda norte-americana à vista marcou a cotação máxima de 4,8760 reais (+0,52%) às 11h55.

O movimento ocorreu sem que o Relatório de Inflação, divulgado mais cedo pelo Banco Central, e a coletiva do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, tivesse influência relevante sobre as cotações.

O mercado acompanhou com atenção a fala de Campos Neto, que reconheceu que o último comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC gerou ruídos no mercado, ainda que não tenha afetado as expectativas para os juros de forma relevante.

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Campos Neto reforçou que a porta está aberta para corte da taxa básica Selic em agosto, mas não se comprometeu com qualquer decisão neste sentido.

Questionado sobre o rali recente do real em relação ao dólar, ele disse que o movimento está ligado a uma série de fatores, como a queda da moeda norte-americana ante outras divisas de emergentes no exterior, os bons resultados do setor agrícola no início do ano, a redução dos prêmios de risco em função da melhora do horizonte fiscal e a percepção de que o BC está fazendo o "trabalho correto" no controle da inflação.

No fim da tarde, no entanto, o anúncio de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, daria uma entrevista coletiva após as 17h trouxe pressão de baixa para a moeda norte-americana, que encerrou perto da estabilidade.

Com o dólar à vista já fechado, Haddad confirmou a manutenção da meta de inflação em 3%, mas informou que o governo decidiu, por meio de decreto, adotar a meta contínua para o controle da inflação, no lugar do ano-calendário.

O anúncio foi feito com o mercado futuro de dólar ainda aberto no Brasil.