Dólar abandona queda e fecha em alta com declarações de Bolsonaro e exterior

Reuters

Publicado 07.04.2021 17:32

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reverteu a queda de mais cedo e fechou em alta contra o real nesta quarta-feira, movimento ditado inicialmente pela tomada de fôlego da moeda no exterior a partir do fim da manhã e intensificado à tarde por novas declarações do presidente Jair Bolsonaro entendidas como ameaça de intervenção na Petrobras (SA:PETR4) e críticas à vacinação.

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O dólar à vista subiu 0,79%, a 5,6456 reais na venda. A moeda oscilou entre 5,5491 reais (-0,94%), por volta de 11h45, e máxima de 5,6557 reais (+0,97%), já na última hora de negócios no mercado à vista.

Bolsonaro afirmou nesta quarta que o aumento do preço do gás anunciado pela Petrobras nesta semana, de 39%, é "inadmissível" e, apesar de dizer que não irá interferir na estatal, afirmou que a política de preços da empresa pode mudar.

Ele também disse que a pandemia está sendo usada politicamente "para derrubar o presidente" e criticou o foco na busca de uma vacina.

As falas do mandatário rememoram temores de intervenção na Petrobras, que em fevereiro teve seu presidente demitido por Bolsonaro, o que causou expressiva reação negativa nos mercados. A saída posterior de André Brandão do comando do Banco do Brasil (SA:BBAS3) e a troca de membros do conselho em ambas as empresas reforçaram o mal-estar.

A Rio Bravo classificou esses eventos como "crises desnecessárias" e incluiu na lista a troca do ministro da Defesa em 31 de março, quando militares, lembra a casa, fazem uma "ordem do dia" exaltando o "movimento de 1964".

"Desta vez, entretanto, tudo adquiriu novas e perigosas tonalidades. O país está com os nervos à flor da pele", disseram especialistas da gestora em carta mensal.

Apesar dos riscos, alguns gestores têm considerado os preços do dólar cada vez mais esticados, o que pode aumentar chances de alguma correção, especialmente num momento em que o Banco Central eleva as taxas de juros.