Dólar acelera queda ante real com maior apetite por risco no exterior; política doméstica segue no radar

Reuters

Publicado 28.04.2020 09:11

Atualizado 28.04.2020 10:30

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava em forte queda contra o real nesta terça-feira, em dia de maior apetite por risco no exterior diante da expectativa de flexibilização das quarentenas nas principais economias, mas a possibilidade de volatilidade permanece à medida que os investidores seguem atentos à trama política doméstica.

Às 10:14, o dólar recuava 1,70%, a 5,5675 reais na venda, enquanto o dólar futuro de maior liquidez tinha queda de 1,69%, a 5,5615 reais.

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"Os investidores ainda reagem positivamente à perspectiva de relaxamento do distanciamento social em vários países da Europa", disse o Bradesco (SA:BBDC4) em boletim diário, citando também expectativa em relação às reuniões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central Europeu desta semana.

Após semanas de quase estagnação na atividade dos negócios em meio a medidas de distanciamento social, países como Itália e Espanha se preparam para relaxar as quarentenas e permitir que lojas, empresas e fábricas voltem a abrir suas portas. Nos Estados Unidos, alguns Estados seguem os mesmos passos em direção a uma reabertura da economia.

No exterior, o otimismo diante desse cenário impulsionava o apetite por ativos arriscados, como rand sul-africano, peso mexicano e dólar australiano, e o real acompanhava esse movimento de pressão sobre o dólar.

Enquanto isso, no cenário doméstico, os investidores seguem atentos aos desdobramentos políticos, que têm elevado a cautela e a volatilidade nos últimos dias.

Após o pedido de demissão de Sergio Moro do cargo de Ministro da Justiça e boatos sobre a saída de Paulo Guedes da Economia, o presidente Jair Bolsonaro alinhou o discurso do governo na segunda-feira e deixou claro que Guedes continua com a palavra final nos gastos federais.

"Dentre todos os problemas criados pela demissão do ex-ministro Sérgio Moro, o mais claro deles estaria a perspectiva de manutenção de Paulo Guedes", comentou em nota a Infinity Asset. "Agora, com o discurso de Guedes ontem junto ao presidente, reiterando o total controle da economia ao ministro (...), Guedes retoma sua posição e alivia a tensão do mercado."

Em meio à abertura de inquérito criminal para apurar acusações feitas pelo ex-ministro Moro contra o presidente, falas sobre um possível impeachment ou renúncia de Bolsonaro têm emergido nos mercados.

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Na segunda-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, questionado sobre eventual impeachment, que o Parlamento não será instrumento de turbulências e crise política, o que poderia trazer mais incertezas e dar "contornos ainda mais graves" à crise da pandemia do coronavírus.