Dólar devolve ganhos e recua contra real após dados dos EUA melhores do que a expectativa

Reuters

Publicado 25.06.2020 09:14

Atualizado 25.06.2020 10:30

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar passava a cair contra o real nesta quinta-feira à medida que os investidores reagiam a dados melhores do que o esperado sobre os Estados Unidos, ofuscando temores em relação a uma segunda onda de coronavírus.

Depois de um dia turbulento para ativos arriscados na sessão anterior, o sentimento de risco dos investidores havia amanhecido fraco nesta quinta-feira, já que uma alta nos casos de Covid-19 em várias áreas dos Estados Unidos causou temores sobre uma segunda onda da doença, que poderia provocar a volta de bloqueios econômicos prejudiciais.

Mas dados sobre dos Estados Unidos pareciam acalmar os nervos dos mercados, com as novas encomendas do núcleo de bens de capital se recuperando mais do que o esperado em maio e o Produto Interno Bruto do primeiro trimestre ficando em linha com as expectativas.

"Os dados, em certa medida, estão diminuindo as preocupações que a gente viu com o aumento de casos de coronavirus nos EUA, ajudando a reduzir temores sobre uma recuperação mais lenta", disse à Reuters Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho.

Às 10:25, o dólar recuava 0,76%, a 5,2840 reais na venda, depois de ter subido com força na abertura da sessão.

O dólar futuro de maior liquidez tinha perdas de 1,30%, a 5,280 reais.

Ainda assim, as consequências econômicas da pandemia nos EUA persistem. A demanda fraca está forçando os empregadores norte-americanos a demitirem trabalhadores, mantendo o número de novos pedidos de auxílio-desemprego extraordinariamente alto mesmo com a reabertura das empresas.

Nesta quinta-feira, moedas emergentes ou ligadas a commodities, como peso mexicano, dólar australiano, lira turca e rand sul-africano, mostravam comportamento misto contra a divisa norte-americana.

Enquanto isso, no Brasil, o Banco Central piorou sua projeção para o PIB em 2020 a uma retração de 6,4%, ante crescimento zero calculado em março, refletindo o impacto profundo da crise do coronavírus na atividade.

Na política, o Senado aprovou na quarta-feira o projeto que atualiza o marco legal do saneamento básico, tema polêmico que ganhou força diante da crise provocada pela pandemia da Covid-19.

Segundo Luciano Rostagno, a aprovação com folga renova as esperanças de que o país poderá retomar a agenda de reformas, o que pode tornar o Brasil mais atraente para os investidores.