Dólar amplia ganhos da véspera contra real mesmo após decisão da Câmara sobre veto presidencial

Reuters

Publicado 21.08.2020 09:14

Atualizado 21.08.2020 10:35

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar apresentava alta contra o real nesta sexta-feira, chegando a superar os 5,61 reais, ampliando os ganhos registrados na véspera em meio a nervosismo sobre a saúde fiscal do Brasil mesmo depois que a Câmara dos Deputados manteve o veto presidencial que proíbe a concessão de reajuste a servidores públicos.

Depois de uma quinta-feira marcada por temores em relação aos grandes gastos provocados pelo combate ao coronavírus, a expectativa entre alguns analistas era de que o mercado se acalmaria após a decisão da Câmara, que evitou um impacto superior a 120 bilhões de reais nas contas públicas.

Mas,às 10:28, o dólar avançava 0,63%, a 5,5888 reais na venda. Na máxima do pregão, a divisa norte-americana foi a 5,6123 reais, alta de mais de 1%.

O dólar futuro negociado na B3 ganhava 0,49%, a 5,585 reais.

"Eu vejo que ainda há risco", comentou à Reuters Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset. "O Orçamento para 2021 segue na pauta e vai continuar a influenciar na volatilidade do dólar contra o real."

Segundo ele, a situação das contas públicas "não vai sair do radar porque há uma dúvida bem grande em relação a qual política fiscal vai ser adotada por parte do governo".

De um lado, gastos maiores com a implementação do auxílio emergencial protegem a renda e melhoraram a avaliação do presidente Jair Bolsonaro, trazendo algum alívio político, mas, de outro, os mercados, alinhados ao ministro da Economia, Paulo Guedes, seguem pressionando pelo controle das torneiras de dinheiro.

Enquanto isso, no exterior, moedas emergentes pares do real apresentavam desempenho misto contra o dólar, que acelerava os ganhos em relação a uma cesta de moedas fortes.

O noticiário internacional estava atento à retórica comercial entre Estados Unidos e China, enquanto os investidores digeriam dados de PMI de grandes economias.