Dólar avança ante real e caminha para maior alta mensal desde março de 2020

Reuters

Publicado 30.06.2022 09:13

Atualizado 30.06.2022 10:10

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava contra o real na manhã desta quinta-feira, em curso de encerrar junho --período marcado por temores globais de recessão e incertezas fiscais domésticas-- com sua maior valorização mensal desde o início da pandemia de Covid-19, resultado que também encaminhava a moeda para forte ganho trimestral.

Às 10:08 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,23%, a 5,2547 reais na venda, em sessão deve apresentar instabilidade devido à formação da Ptax de fim de mês e trimestre, segundo especialistas.

A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para liquidação de derivativos. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar, o que geralmente eleva a volatilidade.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:08 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,21%, a 5,2515 reais.

Com o desempenho desta quinta-feira, o dólar spot ficava prestes a registar salto de 8,9% apenas em junho, o que marcaria seu melhor mês desde março de 2020 (+15,92%), quando os mercados globais sentiram o choque inicial da pandemia de Covid-19.

O grande foco dos mercados internacionais neste mês foi a política monetária e seu efeito na atividade das principais economias, conforme os principais bancos centrais do mundo adotam aumentos agressivos de juros para combater a inflação.

Na véspera, autoridades importantes, como o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, reforçaram seu compromisso com o controle da alta dos preços, mesmo que isso possa ter efeitos negativos sobre a economia.

"Tais afirmações acentuaram as preocupações de investidores com relação a uma forte desaceleração da economia mundial, e até, possivelmente, uma recessão, o que voltou a pesar sobre os mercados", disse em nota Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. "Desta forma, bolsas e commodities iniciaram o dia no vermelho, o dólar ganha força e os juros (de países) desenvolvidos operam em queda."

O índice da moeda norte-americana contra uma cesta de seis rivais fortes avançava 0,3% nesta manhã, aproximando-se de seus maiores patamares em duas décadas.

Além de receios externos, temores fiscais domésticos também têm ditado o comportamento do mercado de câmbio local, em meio à tramitação no Congresso de uma PEC que estabelece um estado de emergência para ampliar auxílios sociais já existentes e criar um novo benefício destinado a transportadores autônomos, com custo total estimado em 38,75 bilhões de reais.