Reuters
Publicado 29.09.2020 09:11
Atualizado 29.09.2020 10:50
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar mostrava volatilidade nesta terça-feira, refletindo cautela dos investidores internacionais antes do primeiro debate presidencial dos Estados Unidos, enquanto temores fiscais continuavam dominando a cena doméstica.
Às 10:57, o dólar avançava 0,26%, a 5,6500 reais na venda.
Após abrir com alta de cerca de 0,4%, em apenas meia hora de negociações a divisa norte-americana caiu a 5,6064 reais, perda de 0,51%, tocando a mínima do dia antes de se recuperar e bater 5,6720 reais na máxima.
O movimento refletia as incertezas em torno das eleições norte-americanas em dia de debate entre o atual presidente, Donald Trump, e seu adversário democrata, Joe Biden, enquanto os investidores continuavam de olho na Câmara dos Estados Unidos em busca de sinais de progresso nas negociações de um pacote de auxílio econômico.
"Há um pouco de cautela do mercado de maneira geral, e o investidor segue de olho para ver se vai sair um pacote de estimulo fiscal lá fora", explicou Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
No exterior, ativos considerados arriscados, como moedas emergentes pares do real, apresentavam desempenho misto, com os agentes do mercado operando em modo de espera.
Enquanto isso, no Brasil, dúvidas sobre a saúde das contas públicas continuavam sob os holofotes depois que o governo definiu que o projeto de auxílio Renda Cidadã será custeado por recursos que não virão de cortes de gastos, levantando suspeitas sobre um "truque para esconder fuga do teto", como disse no Twitter o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.
A notícia já havia abalado o sentimento doméstico na segunda-feira, quando o dólar spot fechou em alta de 1,46%, a 5,6351 reais na venda, maior patamar desde 20 de maio.
"O mercado ainda está digerindo a notícia do financiamento do Renda Cidadã, e vai ficar à espera de alguma explicação do governo" sobre como conciliaria esse gasto com um orçamento já apertado, disse Victor Beyruti, destacando que o investidor "pode estar chegando no menor nível de confiança que já teve neste governo; seguimos com forte preocupação no fiscal."
Sidnei Moura Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora, disse em nota que, diante do cenário fiscal, "pode estar próximo o momento de 'jogar a toalha' e assumir postura amplamente defensiva, visto que os desequilíbrios poderão afetar toda a dinâmica do país, já amplamente claudicante no convívio com a pandemia do coronavírus (...), e sem diretrizes consistentes de 'portas de saídas' deste cenário conturbado que envolve política monetária, fiscal e cambial do governo."
Em 2020, o dólar já acumula ganho de mais de 40% contra a divisa brasileira, impulsionado por um cenário de juros baixos, incertezas fiscais e tensões políticas em Brasília, deixando o real na posição de pior desempenho entre uma cesta de mais de 30 moedas no ano.
Escrito por: Reuters
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