Dólar passa a cair no dia, mas acumula forte alta frente ao real na semana com riscos sobre BC

Reuters

Publicado 10.02.2023 09:12

Atualizado 10.02.2023 10:40

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar oscilava entre estabilidade e leve queda frente ao real na manhã desta sexta-feira, mas continuava a caminho de fechar a semana com fortes ganhos, com investidores ainda se mostrando preocupados com a possibilidade de o Banco Central ceder a críticas do governo sobre a conduta da política monetária.

Às 10:35 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,31%, a 5,2575 reais na venda, devolvendo ganhos iniciais.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:35 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,71%, a 5,2720 reais.

O viés negativo da divisa nesta manhã foi atribuído por alguns participantes do mercado a movimento de ajuste técnico, depois que a moeda superou pontualmente a marca de 5,30 reais mais cedo nesta sessão. Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora, disse ainda que exportadores aproveitaram o patamar elevado do dólar para ir às vendas, e também citou fluxo pontual de entrada de recursos corporativos no mercado brasileiro.

Mesmo assim, o dólar estava a caminho de encerrar a semana com alta acumulada de mais de 2%, o que marcaria sua maior apreciação semanal desde o final de dezembro.

Parte desses ganhos foi desencadeada por um coro de críticas ao Banco Central por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aliados, que reclamam do patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 13,75%, e da independência do BC.

O sentimento piorou ainda mais na quinta-feira, depois de notícias de que a equipe econômica do governo estaria estudando antecipar uma revisão das metas de inflação do país na tentativa de acalmar as tensões entre o Banco Central e Lula, com o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, supostamente aberto a tais mudanças nos objetivos.

Em resposta, os ativos brasileiros despencaram na véspera, já que qualquer cessão do BC às pressões do governo seriam lidas como interferência política numa instituição que, por lei, é independente, o que minaria a credibilidade da autarquia.

"O Banco Central (poderia ter) o conforto de aguardar os efeitos ainda defasados da política monetária e a passagem de sazonalidades, porém a rediscussão das metas de inflação e de interferências na autonomia da instituição, junto à incerteza fiscal, influenciam o cenário mais uma vez", disse em relatório a clientes Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.