Dólar avança frente ao real com disparada da moeda a máximas em 20 anos no exterior

Reuters

Publicado 28.04.2022 09:10

Atualizado 28.04.2022 10:16

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar retomava seu movimento ascendente nesta quinta-feira, depois de ter pausado um rali contra o real na véspera, acompanhando mais uma vez a ampla força da moeda norte-americana no exterior, onde seu índice frente a uma cesta de pares fortes tocou os maiores níveis em duas décadas.

Às 11h14 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,23%, a 5,0261 reais na venda. Embora tenha fechado a última sessão em baixa de 0,43%, a 4,9682 reais na venda, o dólar registrou sequência de três ganhos diários entre sexta e segunda-feira, período em que havia saltado mais de 8%. Essa tendência de valorização --que, segundo especialistas, reflete fatores externos-- parecia recobrar forças nesta quinta-feira.

Isso porque o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas de países ricos-- avançava acentuadamente nesta manhã, e chegou a tocar seus maiores patamares desde dezembro de 2002, embora tenha devolvido alguns ganhos após surpresa negativa nos dados do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano do primeiro trimestre.

O dólar vem sendo apoiado pela perspectiva de que o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, acelerará o ritmo de seu aperto monetário em meio ao cenário inflacionário desafiador, observou a XP (SA:XPBR31) em nota matinal. Os mercados apostam em ajustes de 0,5 ponto percentual nos juros norte-americanos ao longo de suas próximas reuniões, e alguns operadores sequer descartam eventual dose de 0,75 ponto.

Custos de empréstimos mais altos na maior economia do mundo tendem a elevar o ingresso de recursos na renda fixa do país, o que, consequentemente, favorece o dólar.

Em relatório, analistas do Bradesco (SA:BBDC4) também chamaram a atenção para a decisão do banco central do Japão de manter sua política monetária ultrafrouxa nesta quinta-feira, apesar da maior agressividade do Fed e da aceleração da inflação, "reforçando a tendência de depreciação do iene que, por sua vez, sustenta o movimento de apreciação do dólar em escala global".

O iene chegou a tocar seu menor patamar em 20 anos contra o dólar, que era negociado em alta contra a maior parte das principais moedas globais, acompanhando ainda o avanço dos rendimentos dos Treasuries, títulos soberanos dos EUA.

Enquanto isso, investidores chamavam a atenção para a agenda de indicadores econômicos bem cheia. Nos Estados Unidos, o destaque do dia foi a divulgação do PIB, que caiu a taxa anualizada de 1,4% no primeiro trimestre, contra expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 1,1%.