Dólar cai ante real em sintonia com exterior e com mercado à espera do Copom

Reuters

Publicado 21.06.2023 17:08

Atualizado 21.06.2023 17:26

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Com os investidores à espera da decisão do Banco Central sobre a Selic, marcada para o início da noite, o dólar à vista teve uma nova sessão de perdas ante o real nesta quarta-feira, em sintonia com o exterior, onde a moeda norte-americana também cedia após comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a inflação nos EUA.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,7681 reais na venda, com baixa de 0,56%. Esta é a menor cotação de fechamento desde 31 de maio de 2022, quando atingiu 4,7542.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:14 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,55%, a 4,7735 reais.

Após os recuos das últimas semanas, o dólar à vista chegou a ensaiar uma recuperação na manhã desta quarta, enquanto investidores aguardavam pelo depoimento de Powell à Câmara norte-americana.

Às 9h39, a divisa atingiu a cotação máxima da sessão, de 4,8173 reais (+0,47%), mas a partir daí passou a perder força, como vem ocorrendo, com investidores enxergando pouco espaço para um dólar mais elevado.

Powell começou a falar às 11h e seus comentários não reforçaram necessariamente uma visão mais dura -- ou hawkish, no jargão do mercado -- sobre o futuro da política monetária nos EUA.

Apesar de dizer que o combate à inflação tem “um longo caminho a percorrer”, o chair do Fed afirmou que pode fazer sentido aumentar os juros a um “ritmo mais moderado”.

Com a fala de Powell, que se estendeu até o início da tarde, o dólar foi se firmando em queda ante diversas divisas ao redor do mundo, incluindo o real.

“O dólar está fraco hoje (quinta-feira) em relação a uma cesta de moedas fortes. As divisas de emergentes estão subindo também”, pontuou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.

Segundo ele, os avanços na área fiscal e a queda da inflação no Brasil são alguns dos fatores que contribuem para o otimismo dos investidores.

“Temos uma conjunção de fatores e, na ausência de fato novo, o mercado não tem muito como mudar a percepção de que é dólar para baixo”, acrescentou.

Ainda durante a fala de Powell, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 4,7644 reais (-0,64%) às 12h44, em sintonia com a perda de força da moeda norte-americana também no exterior.

Durante a tarde, as cotações se mantiveram em margens mais estreitas, com os agentes do mercado à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que anunciará no início da noite o novo patamar da taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano.

No mercado futuro de juros, a precificação é de que há apenas 5% de chances de o Copom cortar a Selic nesta quinta-feira, em 0,25 ponto percentual. A probabilidade de manutenção da taxa, conforme a precificação, é de 95%.

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Dois profissionais ouvidos pela Reuters lembraram que a expectativa recai sobre o comunicado do colegiado, já que a expectativa majoritária do mercado é de que o BC passe indicações de que iniciará o processo de cortes em agosto.

Segundo eles, tanto a manutenção da Selic nesta quinta-feira quanto o corte de 0,25 ponto percentual em agosto já estão precificados no mercado de câmbio. Assim, somente se o Copom surpreender haverá algum tipo de reação mais intensa nas cotações de quinta-feira.

No fim da tarde, o dólar seguia em queda ante uma cesta de moedas fortes e em relação à maioria das demais divisas de emergentes ou exportadores de commodities.