Dólar cai mais de 1% ante real com recuperação de moedas arriscadas no exterior

Reuters

Publicado 19.05.2022 09:13

Atualizado 19.05.2022 11:05

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha queda contra o real nesta quinta-feira, alinhando-se a movimento internacional de recuperação de moedas arriscadas depois de uma forte onda de vendas na véspera, quando temores sobre inflação, aperto monetário e possível desaceleração econômica aumentaram a busca por segurança.

Às 11h03 (de Brasília), o dólar à vista recuava 1,12%, a 4,9124 reais na venda, e chegou a cair 1,41% na mínima da sessão, a 4,9107 reais.

As perdas acompanhavam a queda de cerca de 0,8% do índice do dólar no exterior, no que alguns participantes do mercado avaliavam como um ajuste técnico depois de a moeda ter avançado 0,55% contra pares de países ricos na véspera, encerrando uma série de três dias de baixa. O enfraquecimento do dólar também refletia uma queda nos rendimentos dos títulos soberanos dos EUA.

Divisas de países emergentes ou sensíveis às commodities aproveitavam a deixa e avançavam contra o dólar nesta manhã, recuperando-se depois de uma sessão difícil na véspera. Peso mexicano, peso chileno, rand sul-africano e dólar australiano, moedas cujo movimento o real tende a acompanhar, ganhavam entre 0,7% e 1,2% no dia.

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Apesar do ajuste nos mercados de câmbio internacionais nesta quinta-feira, vários especialistas alertavam para a manutenção do cenário cauteloso, que na véspera golpeou ativos arriscados de todo o mundo. Dois dos principais índices acionários de Wall Street, por exemplo, fecharam a última sessão com perdas superiores a 4%, e mais danos eram registrados na abertura desta manhã.

Na Europa, as principais bolsas também estendiam a baixa expressiva vista na véspera, com um índice referencial perdendo 2% no dia. 

"A aversão ao risco ganha força diante de preocupações com o crescimento global", disse o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco (SA:BBDC4) em relatório. "Pesam sobre a avaliação de riscos as incertezas com os desdobramentos da guerra na Ucrânia, com a política de combate à Covid na China e com as persistentes pressões inflacionárias e seus impactos sobre a condução da política monetária no mundo."

O banco central dos Estados Unidos, por exemplo, está enfrentando a alta dos preços com maior agressividade do que o inicialmente previsto pelos mercados, o que levou o índice do dólar a tocar seu maior patamar em duas décadas recentemente.

Nesse contexto, estrategistas do Citi notaram em relatório que "o câmbio latino-americano enfraqueceu ao longo do último mês, à medida que a aversão ao risco aumenta e o 'carry' (retorno oferecido pelas moedas) se tornou menos favorável nesses ambientes de aversão a risco".

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O banco norte-americano piorou sua expectativa para a performance do real no curto prazo, vendo a divisa em 5,15 por dólar nos próximos três meses, de 4,70 previstos para o mesmo período antes. A projeção de médio prazo -- para os próximos seis a 12 meses -- também piorou, a 5,30 por dólar, contra previsão anterior de 5,20.