Dólar cai mais de 1% frente ao real com continuação de ajuste e acenos do governo Lula

Reuters

Publicado 05.01.2023 09:14

Atualizado 05.01.2023 10:30

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava mais de 1% frente ao real nesta quinta-feira, conforme investidores continuavam ajustando posições na esteira de disparada da moeda no início da semana, reverberando ainda acenos do novo governo à manutenção de reformas e outras medidas de gestões anteriores.

Às 10:21 (de Brasília), o dólar à vista recuava 1,04%, a 5,3947 reais na venda, depois de ter saltado mais de 3% no acumulado das duas primeiras sessões da semana. Na véspera, a divisa norte-americana já havia interrompido o rali recente ao fechar com variação negativa de 0,04%, a 5,4513 reais na venda.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:21 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,66%, a 5,4245 reais.

Segundo Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, os ativos brasileiros ganharam fôlego "após membros do governo reverterem diversos discursos de posse que tanto influenciaram as reações negativas dos investidores".

Ele destacou a fala do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que disse não haver nenhuma proposta sendo pensada nesse momento para revisão de reformas, incluindo a da Previdência. Mais cedo nesta semana, críticas do novo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, à reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro haviam azedado o humor dos investidores.

Além disso, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado pelo novo governo para comandar a Petrobras (BVMF:PETR4), disse que não haverá intervenção nos preços dos combustíveis.

"No ano passado, o PT fez uma série de 'balões de ensaio' com o mercado financeiro, como fazia no passado, testando nomes, propostas e números e, aparentemente, continua a atuar em tal expediente... Quando (o mercado) reage negativamente a tais discursos desastrados e propostas fora da realidade e afetando os ativos, ocorrem os recuos como o observados ontem", escreveu Vieira.

Após divergências públicas entre ministros, Lula marcou para sexta-feira sua primeira reunião ministerial, onde pretende iniciar a articulação do governo. Agentes do mercado enxergam o encontro como uma tentativa do presidente de "colocar ordem na casa", e devem ficar atentos a qual será o tom das autoridades após o alinhamento desta semana.

"O mercado local segue afetado pelos discursos políticos e sinalizações sobre os próximos passos do novo governo", disse o Banco Inter (BVMF:BIDI4) em nota, chamando a atenção para um cenário misto no exterior.