Dólar começa ano com maior alta em mais de dois meses e fecha acima de R$5,66

Reuters

Publicado 03.01.2022 17:17

Atualizado 03.01.2022 17:55

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar começou 2022 em forte alta, a mais intensa desde outubro do ano passado, com o real liderando nesta segunda-feira as perdas nos mercados globais de câmbio em dia de expressivos ganhos para a moeda norte-americana no exterior e de ajuste no Brasil após movimentos recentes.

O dólar à vista fechou com acréscimo de 1,63%, a 5,6646 reais na venda. É a maior valorização percentual diária desde 21 de outubro do ano passado (+1,90%).

O Brasil foi o país relevante no qual o dólar mais subiu nesta sessão, movimento em parte explicado por uma correção técnica após no último pregão de 2021 (no dia 30 de dezembro) a moeda norte-americana ter despencado 2,1%. Foi a maior queda desde agosto passado e que derrubou a cotação abaixo de sua média móvel de 50 dias, patamar recuperado nesta segunda-feira.

O noticiário doméstico trouxe nesta segunda-feira informações sobre o estado de saúde do presidente Jair Bolsonaro. O principal médico do presidente, Antônio Luiz Macedo, disse nesta segunda-feira, antes de examiná-lo pessoalmente, que "provavelmente" ele não precisará de uma nova cirurgia.

Notícias sobre mais categorias de funcionários públicos exigirem aumentos salariais também estiveram no radar, em meio a contínuos temores sobre mais concessões para elevações de gastos do governo. Ainda na frente fiscal, o presidente sancionou neste começo de ano projeto de lei que renovou a desoneração da folha de pagamento dos 17 setores da economia.

O movimento do dólar deu indicações de que a questão fiscal seguirá como um importante norteador do mercado de câmbio em 2022, marcado pela eleição presidencial de outubro.

Mas nesta sessão a força da moeda no exterior também fez preço nas cotações no Brasil. O dólar saltava 0,55% contra uma cesta de divisas de países ricos, com ganhos generalizados diante do rali nas taxas dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos por expectativas de aumento de juros por lá.

Tradicionalmente, juros mais altos nos EUA prejudicam moedas emergentes por gerarem riscos de êxodo de capital desses mercados.