Dólar emenda 2ª semana de ganhos com ambiente local conturbado e expectativa por BCs

Reuters

Publicado 17.09.2021 17:57

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta contra o real nesta sexta-feira, com investidores mais uma vez evitando exposição antes do fim de semana e de dias que terão como destaque reuniões de política monetária pelo mundo, inclusive no Brasil e nos EUA.

Ainda que tenha fechado a sessão mais caro, o dólar ficou a uma boa distância das máximas do dia, quando foi acima de 5,34 reais, passada parte da reação inicial ao decreto do presidente Jair Bolsonaro que elevou IOF para custear o aumento do valor do novo Bolsa Família --movimento visto no mercado como eleitoreiro.

"A medida, que pegou o mercado de surpresa, está sendo digerida por investidores e, antes de mais nada, coloca em evidência as dificuldades do governo em aprovar fontes de financiamento permanentes para o seu novo programa social", disse em nota Victor Beyruti, que integra a equipe econômica da Guide.

O dólar à vista subiu 0,42%, a 5,2875 reais, máxima desde o último dia 8 (5,3236 reais).

No pico do dia, foi a 5,348 reais (+1,57%), depois de na mínima tocar 5,2516 reais (-0,26%).

Em meio ao intenso noticiário político, operadores terminaram a semana já em modo espera por decisões de política monetária dos próximos dias, com destaque para as reuniões dos bancos centrais brasileiro e norte-americano.

Do lado doméstico, o foco é saber se o BC manterá ritmo forte de alta de juros, o que ajudaria a taxa de câmbio. O Credit Suisse elevou de 8,25% para 9,75% a expectativa para a taxa Selic terminal em 2022.

Nos EUA, a atenção está voltada para se o Fed dará indícios sobre quando cortará a oferta de dinheiro barato em curso desde o ano passado --o que reduziria a disponibilidade de dólares, exercendo pressão de alta na moeda.

Em relatório, estrategistas do Citi mantiveram recomendação "overweight" (acima da média) para o real, bem como para divisas de mercados emergentes, citando que no caso brasileiro a comunicação do Banco Central continua "hawkish" (inclinada a mais altas de juros), o que deve seguir como o principal determinante para o câmbio no curto prazo.

Na semana, o dólar avançou 0,37%, evitando uma correção mesmo depois de ter saltado 1,62% na semana anterior --quando o mercado sentiu o baque da escalada da crise político-institucional após o 7 de Setembro.