Dólar estende perdas e real é destaque no mundo com alívio local; Fed segue em foco

Reuters

Publicado 20.09.2022 17:19

Atualizado 20.09.2022 17:40

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar caiu frente ao real pelo segundo dia consecutivo nesta terça-feira, depois de muito vaivém durante a sessão, com um alívio em temores político-fiscais domésticos compensando o nervosismo externo antes da decisão de juros nos Estados Unidos.

Após trocar de sinal várias vezes ao longo das negociações, a moeda norte-americana à vista fechou em queda de 0,25%, a 5,1537 reais, estendendo suas perdas depois de na véspera registrar sua maior desvalorização diária desde o fim de julho, de 1,79%.

O real passou boa parte deste pregão com o melhor desempenho entre uma cesta das principais moedas do mundo, apesar da força generalizada do dólar no exterior.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,62%, a 5,1570 reais.

Fornecendo alento aos ativos brasileiros, continuou repercutindo nos mercados locais o anúncio da véspera de apoio do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles à campanha eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O posicionamento de Meirelles --um liberal que ajudou a criar a regra do teto de gastos durante o governo do ex-presidente Michel Temer-- a favor do petista reduziu temores de investidores de que eventual governo Lula seria exageradamente inclinado ao aumento das despesas públicas.

André Rolha, diretor de produtos da Venice Investimentos, reconheceu o efeito dessa notícia no bom desempenho dos ativos brasileiros, mas disse que não a vê como o único motivo por trás do alívio recente no mercado de câmbio.

"Acredito que os fundamentos locais ainda jogam muito a favor do câmbio, dos juros... e da bolsa", afirmou, citando números de crescimento econômico positivos e "lição de casa antecipada" do Brasil no combate à inflação, depois que o Banco Central foi um dos primeiros no mundo a iniciar o que se tornaria um longo e agressivo ciclo de aperto monetário.

A taxa Selic está atualmente em 13,75%. A maior parte dos mercados financeiros acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Bacen já terminou de aumentá-la, mas há quem espere que o colegiado eleve os juros em mais 0,25 ponto percentual, a 14%, ao fim de sua reunião deste mês, que começou nesta terça-feira e se encerrará na quarta.

O patamar elevado dos juros locais é considerado por especialistas como um colchão para o real diante de um cenário global adverso, já que torna a moeda local atraente para estratégias de "carry trade". Elas consistem na tomada de empréstimo num país de taxas baixas e investimento desse capital em mercado mais rentável, de forma que se lucra com o diferencial de juros.

Apesar da leve queda do dólar contra o real nesta sessão, investidores ainda se mostravam cautelosos diante da alta probabilidade de que o Federal Reserve suba sua taxa de juros em, pelo menos, 0,75 ponto percentual ao fim de seu encontro de política monetária, que se encerrará na quarta.

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