Dólar exibe leve queda com decisões de BCs no radar

Reuters

Publicado 30.01.2023 09:10

Atualizado 30.01.2023 10:20

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar buscava firmar queda ante o real nesta segunda-feira, após alternar ganhos e perdas leves na abertura, em início de semana carregada, com decisões de política monetária nos Estados Unidos, zona do euro e Brasil, bem como retorno das atividades no Congresso local.

Às 10:08 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,25%, a 5,0998 reais na venda.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:08 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,22%, a 5,1000 reais.

No exterior, o dólar se enfraquecia ante uma cesta de moedas fortes, com queda de 0,15%, antes de decisões de juros. Porém, mostrava mais força ante os principais pares emergentes do real.

"O real está contrariando o exterior. O dólar está subindo lá contra os emergentes, mas aqui está nesse vai e volta", disse à Reuters o operador de câmbio Hideaki Iha, da Fair Corretora.

A decisão de juros do Federal Reserve na quarta-feira é o evento mais aguardado da semana, com expectativa majoritária no mercado de nova redução no ritmo de aperto monetário através de alta de 0,25 ponto percentual na taxa.

Investidores devem ficar atentos a sinalizações do chair do banco central norte-americano, Jerome Powell, sobre os próximos passos da instituição, principalmente quando o ciclo de alta de juros deve se encerrar nos Estados Unidos e por quanto tempo a taxa deve permanecer parada posteriormente.

Para o dia seguinte são esperados aumentos de 0,5 ponto tanto pelo Banco da Inglaterra quanto pelo Banco Central Europeu. Qualquer desvio desse roteiro será um choque.

Na semana passada, o dólar caiu 1,84% frente ao real, diante da entrada de recursos estrangeiros no país, segundo agentes financeiros, que atribuíram o movimento em parte ao diferencial de juros entre Brasil e países desenvolvidos, em especial os Estados Unidos.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil também se reúne nesta semana e divulgará sua decisão na quarta-feira, e a estimativa precificada no mercado é de manutenção da Selic em 13,75%.

Localmente, a pesquisa Focus do Banco Central divulgada mais cedo mostrou a sétima elevação seguida nas projeções de inflação deste ano pelos economistas de mercado. A expectativa saiu de 5,48% na semana passada para 5,74%. Já com relação ao ano que vem, as estimativas para o IPCA avançaram de 3,84% para 3,90%.

Na agenda do dia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem reunião com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, encontro com a diretoria da Fiesp e depois com o presidente do Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4), em São Paulo. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontra o chanceler alemão, Olaf Scholz, que visita o Brasil.

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O retorno das atividades no Congresso e as eleições de mesas diretoras chamam atenção na agenda local nos próximos dias, uma vez que devem começar a testar na prática as articulações do novo governo.

"No cenário político brasileiro, Brasília estará agitada com a volta do Congresso e a eleição das mesas da Câmara e do Senado", escreveu a equipe da XP (BVMF:XPBR31), em nota.

Haddad e outras autoridades vêm dando foco à reforma tributária e o novo arcabouço fiscal. No entanto, entre os agentes financeiros, há dúvidas sobre a capacidade do governo de aprovar esses textos e no tempo previsto.

Investidores também querem entender qual a possibilidade de declarações recentes de Lula ganharem uma forma prática. O presidente fez, por exemplo, críticas à independência do BC e à atual meta de inflação, ainda que aliados e autoridades tenham diminuído o teor das falas posteriormente.

"Essas declarações, não sabemos se é balão de ensaio ou se vão fazer", disse Iha, da Fair Corretora.

Operadores também já mencionam certa volatilidade no câmbio devido à proximidade da formação da taxa Ptax.