Dólar dispara acima de R$4 com mercado questionando força do governo

Reuters  |  Autor 

Publicado 16.05.2019 18:09

Dólar dispara acima de R$4 com mercado questionando força do governo

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em firme alta ante o real nesta quinta-feira, acima de 4 reais pela primeira vez em sete meses e meio, com o real consolidando o fim de seu rali pós-eleição, conforme investidores incorporam mais risco diante da piora de perspectiva para a agenda de reformas.

A moeda norte-americana rompeu a barreira dos 4 reais ainda pela manhã. Mas, diferentemente de outros pregões, a disparada para esse nível não atraiu fluxo relevante de tesourarias bancárias e exportadores na ponta de venda.

Com a típica queda de volumes durante a tarde e sem oferta de moeda no mercado, o dólar teve espaço livre para continuar a escalada, em sintonia com um dia negativo para os mercados brasileiros em geral.

Os juros <0#DIJ:> tiveram a maior alta em quase dois meses, e o Ibovespa chegou a perder os 90 mil pontos na última hora de negócios.

Na máxima do dia, o dólar bateu 4,0425 reais, com valorização de 1,16%.

O fechamento não foi muito menor. O dólar à vista terminou a sessão em alta de 1,01%, a 4,0366 reais na venda.

Na B3, o dólar futuro subia 1,00%, a 4,0485 reais.

"Não dá mais para dizer que esse patamar está 'torto'. O nível de risco aumentou, e o mercado se ajusta a isso. É reação à piora de fundamento", disse Ronaldo Patah, estrategista de investimentos do UBS Wealth Management.

Além do cenário externo mais conturbado, o câmbio tem reagido à deterioração do cenário local, com rebaixamentos sequenciais nas projeções para a economia em meio a frequentes reveses na articulação política do governo.

A confiança do mercado após a eleição do presidente Jair Bolsonaro, em outubro do ano passado, levou o dólar a uma mínima em torno de 3,65 reais no fim do último mês de janeiro.

Desde então, contudo, o Executivo tem acumulado derrotas no Congresso, sem uma base consolidada e com ameaças persistentes de diluição adicional da proposta da reforma da Previdência.