Reuters
Publicado 19.08.2020 17:07
Atualizado 19.08.2020 17:35
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar voltou a mostrar firme alta ante o real nesta quarta-feira, indo a máximas em quase três meses, com o mercado de câmbio afetado ainda por mal-estar em relação ao cenário fiscal no Brasil, o que também impactou os juros futuros.
O real teve o pior desempenho entre as divisas comparáveis neste pregão. Às 15h29, com o dólar perto das máximas do dia, o Banco Central anunciou oferta líquida de 500 milhões de dólares em contratos de swap cambial. A moeda desacelerou os ganhos, mas, faltando uma hora para o fim das operações no mercado à vista, recuperou terreno até encerrar próxima dos picos intradiários.
O BC vendeu todo o lote de 10 mil contratos de swap cambial ofertados.
O dólar à vista subiu 1,14%, a 5,5309 reais na venda, maior patamar desde 22 de maio (5,5739 reais).
Ao longo do dia, o dólar variou entre alta de 1,29%, para 5,5393 reais, e queda de 0,60%, a 5,4356 reais.
O dia foi negativo para outras praças financeiras brasileiras. Os juros longos <0#DIJ:> dispararam quase 20 pontos-base, enquanto o Ibovespa, termômetro do mercado local de ações, caiu 1,2%, segundo dados preliminares.
A piora em Wall Street no meio da tarde, após a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) endossou o movimento negativo nos mercados domésticos. Mas o real desde o fim da manhã operou de forma mais pressionada que seus pares emergentes, que chegaram ao fim da tarde em valorização.
O tema fiscal continua como uma nuvem sobre a confiança dos investidores locais. "Apesar do noticiário recente (sobre tentativas de consenso), ainda há muita incerteza sobre o futuro do teto de gastos e da agenda de reformas de modo geral", disse Paloma Brum, economista da Toro Investimentos, que citou "desancoragem" das expectativas do mercado em termos de ajuste das contas públicas.
"Difícil falar em patamar exato de dólar, mas no atual contexto com certeza ele fica acima de 5,50 reais. Ainda há muita coisa para ser desvendada (sobre o debate fiscal)", completou.
Helena Veronese, economista-chefe na Azimut Brasil Wealth Management, avaliou que uma flexibilização na agenda de correção das contas públicas é o principal risco aos mercados brasileiros neste momento. "À economia como um todo, ainda existe a preocupação sobre o elevado desemprego e ao risco de a economia perder fôlego passados os efeitos do auxílio emergencial", disse.
Segundo pesquisa do Bank of America com gestores de fundos, a deterioração fiscal foi citada por 67% dos respondentes como o maior risco de cauda para o Brasil, seguida por ruído político (selecionado por 15%) e pelo coronavírus (8%).
No mercado, a percepção é que o Banco Central pode ter "exagerado" na dose de corte de juros. Na última reunião do Copom, de 4 e 5 de agosto, o BC reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual, para mínima histórica de 2% ao ano, e não fechou totalmente a porta para nova distensão monetária, mesmo citando preocupações do lado fiscal.
O temor é que a deterioração das contas públicas obrigue uma correção de rota na política monetária, com alta antecipada da Selic, o que causaria desconforto entre investidores e elevaria a percepção de risco, impactando negativamente dólar e bolsa.
Na ata do Fed divulgada nesta quarta-feira, o BC dos EUA fez referência ao Brasil, citando que o real desvalorizou ante o dólar entre as reuniões de junho e julho do Fed em meio a "turbulência política" e a "crescentes" casos de Covid-19 no país.
Escrito por: Reuters
Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.