Dólar bate máxima em uma semana em dia de atuação do BC, Fed e cautela local

Reuters  |  Autor 

Publicado 25.06.2019 18:24

Dólar bate máxima em uma semana em dia de atuação do BC, Fed e cautela local

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou no maior patamar em uma semana frente ao real nesta terça-feira, impulsionado por sinalizações de que os juros nos Estados Unidos podem não cair tão rapidamente quanto se espera, enquanto notícias políticas internas reforçaram o viés de alta para a moeda norte-americana.

Os ganhos do dólar se deram num dia de forte alta no cupom cambial FRCc1 --taxa de juros em dólar que serve como referência para a percepção de liquidez no mercado. A taxa chegou a alcançar o maior nível desde 9 de maio, depois de fortes saídas de recursos nos últimos dias.

A disparada no cupom chamou o Banco Central ao mercado, e a autoridade monetária injetou, em termos líquidos, 1 bilhão de dólares no mercado via leilão de moeda estrangeira com compromisso de recompra. [nE6N23B01T]

O dólar à vista (BRBY) subiu 0,69%, a 3,8528 reais na venda.

É o maior nível desde 18 de junho (3,8597 reais) e a maior valorização desde o último dia 14 (1,16%).

Na B3, o dólar futuro DOLc1 se apreciava 0,65%, para 3,8500 reais.

O mercado correu para compras de dólares sobretudo depois de autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) esfriarem apostas de cortes iminentes de juros. [nE6N23702I] [nL2N23W13L] A queda global da moeda nas últimas semanas foi atribuída justamente ao reforço de perspectivas de alívio monetário nos EUA.

Juros mais baixos nos EUA melhoram a relação risco/retorno para aplicações em ativos de mercados mais arriscados, como os emergentes, o que pode estimular entrada de capital para o Brasil, por exemplo. Com isso, há aumento da oferta de dólar, o que tende a reduzir o preço da moeda.

Mesmo com as ressalvas do Fed nesta sessão, o Goldman Sachs ainda espera que o dólar se enfraqueça contra o euro (EUR=), o que, segundo o banco, pode favorecer desmonte de posições compradas na divisa norte-americana frente a outras moedas.

Analistas lembram que a posição comprada em dólar contra real ainda é bastante relevante e tem dificultado alívio mais consistente na taxa de câmbio.

"Dentro do universo emergente, estamos mais otimistas com o real brasileiro, peso chileno, peso mexicano, rupia indiana e rublo russo", afirmaram estrategistas do Morgan Stanley (NYSE:MS).